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O Registro imaginário

Os registros do imaginário, simbólico e real são conceitos fundamentais na psicanálise lacaniana, organizando a forma como o sujeito se relaciona com o mundo e consigo mesmo. Cada registro representa uma dimensão distinta da experiência humana:

O Imaginário

O registro do imaginário refere-se à dimensão da imagem, da aparência e da identificação. Ele é fortemente associado ao narcisismo e à formação do "eu" no estádio do espelho, quando o bebê se reconhece em sua própria imagem, criando uma identificação ilusória de unidade. Aqui, a experiência é dominada por representações visuais e pela tentativa de preencher a falta com uma imagem idealizada.

No campo da imagem, o imaginário pode ser associado ao paradigma da cópia, em que a imagem é vista como um espelho do real. Essa perspectiva é baseada na mímese: a imagem busca reproduzir o mundo tal como ele é percebido.

O Simbólico

O registro do simbólico é o campo da linguagem, das leis, dos significados e das relações sociais. Ele estrutura o sujeito por meio da entrada na ordem simbólica, que é mediada pelo sistema de significantes. O simbólico organiza o real e o imaginário, dando sentido à experiência.

Relacionando com os paradigmas da imagem, o simbólico dialoga com o paradigma da construção, onde a imagem não é mais uma mera cópia do real, mas uma construção de sentido que depende de convenções, interpretações e códigos culturais. Aqui, a imagem tem um papel mediador, articulando significantes em busca de significado.

 

O Real

O registro do real representa o que está fora da linguagem e do simbolismo, o que não pode ser representado ou apreendido completamente. É o inominável, o que retorna como trauma e que está além da captura pelas palavras ou imagens.

No contexto dos paradigmas da imagem, o real poderia se aproximar do paradigma da simulação, onde a imagem deixa de ser uma representação do real para se tornar um substituto do próprio real. Em vez de representar, ela cria realidades, desafiando os limites entre o que é percebido e o que é construído.

 

A Imagem como Representação ou Aproximação do Real

A imagem pode ser vista como um elemento que transita entre o imaginário, o simbólico e o real. No registro do imaginário, ela opera como reflexo ou projeção de identidades e desejos. No simbólico, a imagem é uma construção interpretativa que organiza a percepção e o entendimento. No real, a imagem enfrenta seus limites, pois o real é aquilo que escapa à representação.

Em termos de interpretação, a imagem pode ser tanto uma representação do real (quando busca imitar ou simbolizar algo existente) quanto uma aproximação do real (quando tenta sugerir ou provocar a experiência de algo que não pode ser completamente capturado). Por exemplo, em obras de arte abstratas, a imagem pode tocar o registro do real, evocando sensações e emoções que transcendem a linguagem e desafiam significados fixos.

 

A relação entre os registros lacanianos e os paradigmas da imagem destaca a complexidade da psicanálise e da representação visual. Enquanto o imaginário se associa à cópia, o simbólico constrói sentidos, e o real desafia as fronteiras da representação. Assim, a imagem não é apenas uma duplicação do mundo, mas um campo de tensões que reflete os processos psíquicos humanos, ora como espelho, ora como construção e, por vezes, como simulação do real.