Relação Compreensiva e a Relação com o real
Citação de Michele Braga em fevereiro 27, 2024, 10:46 pmo Imaginário ganha uma dimensão de Real. De acordo com Marcos (2003), ?o índice de realidade do outro não é, pois, sua presença. Sua presença enquanto pessoa física no aqui e agora, não pode garantir sua realidade se o outro ?mais real? mostra-se bem presente apesar de sua ausência? (p. 338). Assim, é da reconstituição da imagem pelo sujeito que se trata, na medida em que a experiência psicanalítica prossegue: ?a conduta deixa de imitar sua sugestão, as lembranças retomam sua densidade real, e o analista vê o fim de seu poder, doravante inutilizado pelo fim dos sintomas e pelo arremate da personalidade? (Lacan, 1998, p. 88). Lacan aponta para a situação de que o analisando deve se deparar com o Real produzido pela reconstituição da imagem, que agora já não é tão ilusória, pois o trabalho da psicanálise, do analista, especificamente, consiste justamente em ?resolver uma ilusão?; ou seja, para Lacan (1998), a ação terapêutica
deve ser essencialmente definida como um duplo movimento pelo qual a imagem, a princípio difusa e fragmentada, é regressivamente assimilada ao real, para ser progressivamente desassimilada do real, isto é, restaurada em sua realidade própria. Ação que testemunha a eficiência dessa realidade (p. 89).
Roustang (1988, p. 50) comenta a respeito dessa importante afirmativa de Lacan:
A imagem, como gestalt formadora que importa reconstituir, não é o real, mas é da ordem do real, de onde é preciso retirá-la. Esse real deve ser dito eficiente, já que a imagem que dele participa determina e constitui o sujeito. Ele é a razão da permanência através da mudança incessante das aparências. Pelo real, graças a ele, o objeto da psicanálise, pode ser creditado dos traços da objetividade.
Não se pode perder de vista o projeto que Lacan está elaborando nesse momento de sua obra, que é o de dar à psicologia um status de ciência. Segundo Roustang (1988), é a Meyerson, relativista, que Lacan recorre a fim de fundamentar suas premissas. Lacan adota, também, a mesma perspectiva de Henri Wallon em relação à imagem especular e opõe o real à realidade própria da imagem (Marcos, 2003, p. 349). Trata-se de retirar a imagem da ordem do mimetismo a fim de restituí-la em sua dimensão de lembrança (Marcos, 2003, p. 349). Para Marcos (2003), este programa ambicioso de Lacan, nesse período de sua obra, consiste em almejar entre outras coisas, fazer desaparecer o termo inconsciente em prol da imago. E o Real? Roustang (1988) afirma a respeito do conceito de real que Lacan
o Imaginário ganha uma dimensão de Real. De acordo com Marcos (2003), ?o índice de realidade do outro não é, pois, sua presença. Sua presença enquanto pessoa física no aqui e agora, não pode garantir sua realidade se o outro ?mais real? mostra-se bem presente apesar de sua ausência? (p. 338). Assim, é da reconstituição da imagem pelo sujeito que se trata, na medida em que a experiência psicanalítica prossegue: ?a conduta deixa de imitar sua sugestão, as lembranças retomam sua densidade real, e o analista vê o fim de seu poder, doravante inutilizado pelo fim dos sintomas e pelo arremate da personalidade? (Lacan, 1998, p. 88). Lacan aponta para a situação de que o analisando deve se deparar com o Real produzido pela reconstituição da imagem, que agora já não é tão ilusória, pois o trabalho da psicanálise, do analista, especificamente, consiste justamente em ?resolver uma ilusão?; ou seja, para Lacan (1998), a ação terapêutica
deve ser essencialmente definida como um duplo movimento pelo qual a imagem, a princípio difusa e fragmentada, é regressivamente assimilada ao real, para ser progressivamente desassimilada do real, isto é, restaurada em sua realidade própria. Ação que testemunha a eficiência dessa realidade (p. 89).
Roustang (1988, p. 50) comenta a respeito dessa importante afirmativa de Lacan:
A imagem, como gestalt formadora que importa reconstituir, não é o real, mas é da ordem do real, de onde é preciso retirá-la. Esse real deve ser dito eficiente, já que a imagem que dele participa determina e constitui o sujeito. Ele é a razão da permanência através da mudança incessante das aparências. Pelo real, graças a ele, o objeto da psicanálise, pode ser creditado dos traços da objetividade.
Não se pode perder de vista o projeto que Lacan está elaborando nesse momento de sua obra, que é o de dar à psicologia um status de ciência. Segundo Roustang (1988), é a Meyerson, relativista, que Lacan recorre a fim de fundamentar suas premissas. Lacan adota, também, a mesma perspectiva de Henri Wallon em relação à imagem especular e opõe o real à realidade própria da imagem (Marcos, 2003, p. 349). Trata-se de retirar a imagem da ordem do mimetismo a fim de restituí-la em sua dimensão de lembrança (Marcos, 2003, p. 349). Para Marcos (2003), este programa ambicioso de Lacan, nesse período de sua obra, consiste em almejar entre outras coisas, fazer desaparecer o termo inconsciente em prol da imago. E o Real? Roustang (1988) afirma a respeito do conceito de real que Lacan
Citação de CINEIDE NASCIMENTO em março 11, 2024, 9:39 pmDentro de cada cultura é possível encontrar diferentes formas de observar uma mesma forma. Os padrões se caracterizam uma imagem mais real, relacionais e variam com o tempo, o espaço, o sujeito que a vê, a situação de interação entre os sujeitos, entre outros elementos. Para se evitar julgamentos prévios e atitudes de violências , é preciso refletir sobre a relação entre imagem e real. Essa reflexão é importante para trabalhar a relação entre o eu e o outro., o meu olhar e o outro olhar, de forma mais ética e democrática diante do que se esta sendo veiculado na mídia. Deve se considerar a realidade como um processo em construção pelos sujeitos, e não como algo já dado.
Dentro de cada cultura é possível encontrar diferentes formas de observar uma mesma forma. Os padrões se caracterizam uma imagem mais real, relacionais e variam com o tempo, o espaço, o sujeito que a vê, a situação de interação entre os sujeitos, entre outros elementos. Para se evitar julgamentos prévios e atitudes de violências , é preciso refletir sobre a relação entre imagem e real. Essa reflexão é importante para trabalhar a relação entre o eu e o outro., o meu olhar e o outro olhar, de forma mais ética e democrática diante do que se esta sendo veiculado na mídia. Deve se considerar a realidade como um processo em construção pelos sujeitos, e não como algo já dado.