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Relação Compreensiva e a Relação com o Real

Na psicanálise lacaniana, os registros do Imaginário, Simbólico e Real são três dimensões fundamentais da experiência humana. O Imaginário refere-se ao mundo das imagens, ilusões e identificações, onde o ego se forma e se reconhece através do outro. O Simbólico envolve a linguagem, leis, regras e estruturas sociais, sendo o domínio onde o sujeito se insere na cultura e se relaciona com os outros de forma ordenada e mediada pela linguagem. Já o Real é o registro do inefável, aquilo que escapa à simbolização e à compreensão plena, representando o núcleo traumático da experiência que não pode ser completamente articulado em palavras ou imagens. Esses três registros são interdependentes e juntos moldam a subjetividade e a experiência psíquica.

Os três paradigmas da imagem podem ser relacionados com os registros da psicanálise da seguinte maneira: o paradigma icônico, que envolve a representação direta e a semelhança visual, está ligado ao Imaginário, onde as imagens e as identificações visuais predominam. O paradigma indiciário, que se baseia em evidências e traços, relaciona-se com o Real, pois trata de marcas e vestígios que remetem a algo fora do campo da representação direta, aludindo ao que é incompleto e não totalmente simbolizável. Já o paradigma simbólico, que implica em significação e convenções culturais, conecta-se ao registro Simbólico, onde a linguagem e as estruturas sociais mediam a compreensão e a comunicação, organizando a experiência humana dentro de um sistema de significados partilhados.

A imagem como representação ou aproximação do Real é um conceito complexo que aborda a capacidade limitada das imagens em capturar a essência do Real. No campo da psicanálise lacaniana, o Real é aquele domínio inefável e inarticulável que escapa à simbolização completa, permanecendo além da plena compreensão ou representação. As imagens, por meio do paradigma icônico, tentam criar uma semblância do Real, oferecendo uma imitação ou uma interpretação visual do que se tenta representar. No entanto, essas imagens nunca podem capturar completamente a totalidade do Real, pois este contém elementos de trauma e de experiência que não se deixam apreender totalmente por meios visuais ou simbólicos. Assim, a imagem serve como uma ponte parcial, uma aproximação que oferece vislumbres do Real, mas sempre deixa algo de essencial fora de seu alcance.

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Rogerio Martins Ribeiro