Citação de SILMARA LEAL em junho 20, 2024, 5:25 pm

Para abordar a relação compreensiva e a relação com o real é importante fazer referência aos registros ou categorias conceituais da psicanalise: imaginário, simbólico e o real. O imaginário refere a imaginação, a faculdade de representar coisas e pensamentos, independente da realidade. O simbólico atribui valor e uma função simbólica aos elementos da cultura, refere-se a sistema de representação que se baseia na linguagem. Já o real é associado ao que é impossível de ser simbolizado e representado.

Lacan partir das reflexões freudianas caracterizou o funcionamento estrutural psíquico através da construção dos três paradigmas da imagem: pré-fotográfico, fotográfico e pós-fotográfico.

Pré-fotográfico: esta para o imaginário (abarca a imagens artesanais)

Fotográfico: esta para real (tem relação dinâmica com o objeto que retomam)

Pós fotográfico: esta para o simbólico (imagens sintéticas ou infográficas realizadas por meio da computação)

Lacan associa o imaginário ao estádio do espelho onde além de se constituir o eu/identidade também se relaciono com o outro. Nesse caso o registro da imagem pode ser idílica ou conflituosa, a imaginação do artista é responsável por expressar a imagem e implica a presença do corpo – seja a mão, seja o olhar. Essa imagem é singular, de um olhar especifico, de um ponto de vista, e é reproduzida artesanalmente, portanto, esta para o paradigma pré-fotográfico.

Em se tratando do real, esta para o paradigma fotográfico, porque é impossível de ser capturado pelo simbólico. Entre o objeto e a imagem esta a falta. Podemos dizer que fotografia é um corte, um recorte, apenas um fragmento que é capturado no tempo-espaço.

E por último, o simbólico, é onde não se faz necessária a presença no tempo e no espaço do sujeito e do objeto. É o espaço da linguagem, da estrutura, da lei e da cultura, do grande Outro. Esta para o paradigma pós-fotográfico, são produzidos por imagens numéricas e computadorizadas.

A imagem é uma forma de expressão humana que retrata o olhar do sujeito do mundo e do real. A interpretação da imagem é um processo que varia conforme o contexto social e cultural. A relação da imagem e do suposto real esta ligada ao processo de construção do sujeito. É parte de um olhar que não só observa e comtempla, mas que, ao ver, produz sentido.

Os marcadores visuais das imagens permitem que elas sejam interpretadas como mais ou menos reais ou seja, como mais ou menos credíveis. A credibilidade faz parte de uma construção social, coletiva. Os elementos usados para construir uma imagem como real podem ser interpretadas de formas diferentes por outro grupo social, variando de sociedade para sociedade.