Relação compreensiva e a relação com o real
Citação de Bruna Elize Lima da Silva em dezembro 12, 2024, 9:15 pmAo abordar a psicanálise de Freud e Lacan, é notável como ambos oferecem caminhos distintos, mas complementares, para compreender o sujeito. Dentro dessa jornada, a noção de relação compreensiva e relação com o real emerge como uma das mais desafiadoras para o iniciante. Essa distinção exige um mergulho cuidadoso na tensão entre o campo da linguagem e o que escapa à simbolização.
A relação compreensiva, ao que entendo, remete à tentativa de atribuir sentido ao sofrimento psíquico, explorando as narrativas do sujeito e as cadeias associativas que configuram seu discurso. Freud, em sua clínica, enfatizava a importância de ouvir o paciente e buscar conexões que pudessem trazer à tona o inconsciente reprimido. Essa abordagem compreensiva organiza o sofrimento dentro de uma moldura simbólica, permitindo que o analisando reconheça no discurso algo de si que antes era enigmático. Por outro lado, Lacan nos desafia ao introduzir o conceito de Real, que não é o mundo objetivo, mas aquilo que persiste como irredutível à linguagem e ao sentido.
Diferentemente da relação compreensiva, a relação com o Real confronta o analista e o analisando com aquilo que não pode ser plenamente explicado ou simbolizado: os traumas, os buracos no discurso, os atos que escapam à lógica consciente. O Real, nesse contexto, revela os limites do simbólico e nos lembra que há sempre algo "em falta" no que se diz ou se interpreta.
Essas duas relações, portanto, não são opostas, mas coexistem na prática analítica. O que a psicanálise lacaniana acrescenta, a meu ver, é uma provocação ética: enquanto Freud buscava iluminar o inconsciente, Lacan nos pede para não apagar as sombras do Real. A relação compreensiva pode ser sedutora, pois oferece ordem ao caos, mas a relação com o Real é inevitável, pois insiste no que é disruptivo, no que se impõe como furo ou resto.P
Para um iniciante como eu, essa articulação entre compreensão e confronto com o inominável é ao mesmo tempo fascinante e desconcertante. É uma lição constante de humildade: há sempre algo que escapa. Essa ideia, ao invés de desanimar, instiga a reconhecer que o trabalho analítico não é sobre resolver ou fechar sentidos, mas sobre sustentar a tensão entre o que se compreende e o que permanece opaco.
Ao abordar a psicanálise de Freud e Lacan, é notável como ambos oferecem caminhos distintos, mas complementares, para compreender o sujeito. Dentro dessa jornada, a noção de relação compreensiva e relação com o real emerge como uma das mais desafiadoras para o iniciante. Essa distinção exige um mergulho cuidadoso na tensão entre o campo da linguagem e o que escapa à simbolização.
A relação compreensiva, ao que entendo, remete à tentativa de atribuir sentido ao sofrimento psíquico, explorando as narrativas do sujeito e as cadeias associativas que configuram seu discurso. Freud, em sua clínica, enfatizava a importância de ouvir o paciente e buscar conexões que pudessem trazer à tona o inconsciente reprimido. Essa abordagem compreensiva organiza o sofrimento dentro de uma moldura simbólica, permitindo que o analisando reconheça no discurso algo de si que antes era enigmático. Por outro lado, Lacan nos desafia ao introduzir o conceito de Real, que não é o mundo objetivo, mas aquilo que persiste como irredutível à linguagem e ao sentido.
Diferentemente da relação compreensiva, a relação com o Real confronta o analista e o analisando com aquilo que não pode ser plenamente explicado ou simbolizado: os traumas, os buracos no discurso, os atos que escapam à lógica consciente. O Real, nesse contexto, revela os limites do simbólico e nos lembra que há sempre algo "em falta" no que se diz ou se interpreta.
Essas duas relações, portanto, não são opostas, mas coexistem na prática analítica. O que a psicanálise lacaniana acrescenta, a meu ver, é uma provocação ética: enquanto Freud buscava iluminar o inconsciente, Lacan nos pede para não apagar as sombras do Real. A relação compreensiva pode ser sedutora, pois oferece ordem ao caos, mas a relação com o Real é inevitável, pois insiste no que é disruptivo, no que se impõe como furo ou resto.P
Para um iniciante como eu, essa articulação entre compreensão e confronto com o inominável é ao mesmo tempo fascinante e desconcertante. É uma lição constante de humildade: há sempre algo que escapa. Essa ideia, ao invés de desanimar, instiga a reconhecer que o trabalho analítico não é sobre resolver ou fechar sentidos, mas sobre sustentar a tensão entre o que se compreende e o que permanece opaco.