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Relação compreensiva e relação com o real

Na clínica e na análise da cultura, compreendemos que a relação compreensiva com a imagem não se esgota na leitura objetiva de seu conteúdo visível. O olhar não é neutro: ele é atravessado pelo desejo e pelo inconsciente, que selecionam, interpretam e atribuem sentido ao que é visto. Na semiótica, a fotografia é signo que se ancora no referente, ela remete a algo que “existiu”, mas, para o sujeito, a relação com o real não é a do espelhamento fiel. O real, tal como nos lembra Lacan, é aquilo que resiste à simbolização plena. Assim, a fotografia pode tocar esse ponto de impossível, provocando no espectador uma sensação de verdade que excede a prova factual. A imagem, portanto, não apenas informa: ela convoca, inquieta e projeta no visível as faltas e fantasias que estruturam o sujeito.