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Teoria do que é real ou imaginario

Psicanálise: O Real, o Imaginário e o Simbólico

Na teoria psicanalítica lacaniana, o Real, o Imaginário e o Simbólico são três registros ou dimensões que estruturam o psiquismo humano. Esses registros ajudam a entender as tensões entre o que percebemos como "real" e o que construímos no campo do "imaginário".

Imaginário

  • Natureza: O Imaginário é o campo das imagens, ilusões e identificações. É onde o sujeito se reconhece e se identifica com a imagem que tem de si mesmo ou do outro. O Imaginário é um registro de fantasias, de uma visão idealizada ou distorcida da realidade.
  • Estádio do Espelho: O conceito central do Imaginário na teoria de Lacan é o Estádio do Espelho, no qual a criança, ao se reconhecer no espelho, constrói sua primeira noção de "eu" (ego). No entanto, essa imagem é ao mesmo tempo ilusória: o ego se baseia em uma visão externa e idealizada de si próprio, e não em sua realidade interna.
  • Função: O Imaginário organiza a percepção do sujeito sobre o mundo, mas faz isso de forma baseada em ilusões e identificações, ao invés de lidar com o real em si.

Filosofia: O Real e o Imaginário

Na filosofia, a distinção entre o real e o imaginário tem sido explorada de várias maneiras, desde a antiguidade até o presente.

  • Platão: Na filosofia clássica, Platão diferenciava o mundo das ideias (eterno e real) do mundo das imagens (sombra da realidade). Para Platão, o imaginário era ilusório, enquanto o real só poderia ser acessado por meio da razão.
  • Descartes: Na modernidade, Descartes coloca a dúvida sobre o que é "real". Através do seu método de dúvida, ele conclui que a única certeza é o "penso, logo existo", implicando que nossa experiência do real é mediada pela mente.
  • Simulacro (Jean Baudrillard): Na contemporaneidade, Baudrillard propõe que, na era pós-moderna, o real é substituído pelo simulacro — uma cópia sem original. A sociedade contemporânea, segundo ele, vive em uma simulação do real, na qual as representações (imagens e símbolos) tomam o lugar da realidade.

A distinção entre real e imaginário é uma questão fundamental em diversas áreas de conhecimento. Na psicanálise, essa distinção se faz por meio dos registros do Imaginário (identificação e fantasia), do Real (aquilo que não pode ser representado) e do Simbólico (estrutura de significados compartilhados). Cada um desses registros atua de forma interdependente para compor a experiência humana, sempre oscilando entre a realidade externa e as construções imaginárias internas que moldam nossa percepção do mundo e de nós mesmos.

A teoria do real e do imaginário é uma teoria psicanalítica que considera três instâncias psíquicas: o real, o simbólico e o imaginário

Jacques Lacan, um dos mais influentes psicanalistas do século XX, desenvolveu uma teoria complexa e abrangente sobre a mente humana, baseada em uma reinterpretação das ideias de Sigmund Freud. Uma das suas principais contribuições foi a afirmação de que o inconsciente se estrutura como uma linguagem.

Conceitos-chave da teoria lacaniana:

  • O Inconsciente: Para Lacan, o inconsciente não é apenas um depósito de desejos reprimidos, mas sim um sistema simbólico que se estrutura através da linguagem. Nosso modo de pensar, sentir e agir é moldado pelos significados e associações que aprendemos ao longo da vida.
  • O Estádio do Espelho: Essa fase do desenvolvimento infantil é crucial para a formação da identidade. Ao se reconhecer em uma imagem externa (como em um espelho), a criança começa a construir uma imagem de si mesma, que será fundamental para sua relação com o mundo.
  • O Simbólico, o Imaginário e o Real: Lacan divide a experiência humana em três ordens:
    • Simbólico: A ordem da linguagem, das leis, das regras e das convenções sociais. É nesse nível que o sujeito se constitui através da linguagem e da cultura.
    • Imaginário: A ordem das imagens, das identificações e das relações duales (como a relação com a imagem especular). É nesse nível que se forma o ego.
    • Real: A ordem do impossível, do trauma e do que escapa à simbolização. É uma dimensão que sempre nos escapa, gerando um desejo insatisfeito.
  • O Desejo: Para Lacan, o desejo não é simplesmente a falta de algo, mas sim um motor que impulsiona o sujeito. É um desejo que nunca pode ser completamente satisfeito, pois está ligado à falta originária, à impossibilidade de se fundir com o Outro.