Desafio - Módulo II
Fica claro um elo entre os gêmeos, e a forma de espelho.
Esta situação com os irmãos gêmeos univitelinos ilustra a complexidade da formação da imagem pessoal e da identidade individual em crianças, especialmente em gêmeos muito parecidos fisicamente e que compartilham grande parte de suas vidas. Aqui, diversos princípios psicológicos e aspectos do desenvolvimento infantil podem ser considerados para explicar o comportamento do garoto:
- Formação da Identidade e Reconhecimento no Espelho
A interação do menino com sua imagem no espelho reflete um estágio crucial do desenvolvimento infantil identificado por Jacques Lacan como o "Estádio do Espelho". Nesta fase, a criança começa a se reconhecer como um "eu" separado dos outros, o que é fundamental para a formação da identidade. No caso dos gêmeos, que podem ter experimentado uma fusão de identidades devido à sua semelhança física e constante proximidade, distinguir o "eu" do "outro" pode ser particularmente desafiador.
2. Projeção e Personificação
O fato de o menino interagir com sua imagem no espelho como se estivesse interagindo com seu irmão pode indicar um processo de projeção. Ele pode estar projetando a presença de seu irmão na sua imagem refletida devido à dificuldade em lidar com a separação momentânea. Essa personificação da imagem no espelho como seu irmão sugere uma tentativa de compensar a ausência física do outro, recorrendo a um "substituto" imaginário para manter a dinâmica de interação a que está acostumado.
3. Angústia de Separação e Desenvolvimento Emocional
A angústia que o menino expressa quando percebe que "o irmão" (sua imagem no espelho) não quer brincar pode refletir a ansiedade de separação, um componente natural do desenvolvimento emocional infantil. Para gêmeos tão unidos, até mesmo breves períodos de separação podem ser perturbadores, provocando sentimentos intensos de perda ou solidão.
4. Necessidade de Reconhecimento e Atenção
O ato de pular nos braços da mãe ao vê-la e expressar sua frustração pode também ser uma busca por consolo e reconhecimento de sua experiência individual. Isso destaca a importância do apoio emocional e do reconhecimento das necessidades individuais de cada gêmeo, ajudando-os a desenvolver um senso de individualidade saudável.
Em suma, essa situação dos gêmeos evidencia a complexidade da formação da identidade pessoal e da imagem de si em contextos de grande proximidade e semelhança física, como é o caso de gêmeos univitelinos. A interação com a imagem no espelho, neste caso, serve como um meio pelo qual o menino navega sua compreensão do "eu" em relação ao "outro", refletindo a interseção entre a necessidade de vinculação e o desenvolvimento da autonomia individual.
É preciso que haja muito claro desde o início, que são pessoas distintas. Cada um terá suas afinidades. Embora gêmeos, não significa ser ÚNICO. Há sentimentos e perspectivas diferentes...
A mãe e todo o resto da família precisa ter consciência disso.
Esse fato é a representação das ideias de Lacan, compreendido na instância do imaginário, mas a meu ver também levanta um alerta sobre a importância da construção da individualidade, do reconhecimento do eu, ainda que se trate de crianças.
Isso sem falar da sensação de abandono vivenciada, diante da incompreensão da ausência do irmão.
Sinto que no momento de Contemplação, do Eu no espelho já em afetos de separação da imagem do outro(irmão) ele se encontra separado isso vem a consciência, como falta e na presença da mãe e reconhecido.
De acordo com a teoria de Lacan, o "Estádio do espelho", conforme foi denominado por ele, ocorre entre os seis e dezoito meses, cujo fenômeno é marcado pelo reconhecimento da criança à sua própria imagem refletida em um espelho. Contudo, no caso dos gêmeos univitelinos, há uma relação muito mais forte, decorrente até mesmo do compartilhamento do mesmo material genético. Esses indivíduos estão unidos desde a fecundação, permanecendo ao longo de toda gestação e após o nascimento, sem que houvesse qualquer diferenciação entre eles. O Estádio do espelho é fundamental para a constituição do eu e da sua própria identidade, no entanto, uma criança acabou por enxergar sua própria identidade, no irmão. Vale ressaltar que cada um do gêmeos passará por essa fase e encontrará a sua individualidade, porém, é de suma importância que os pais auxiliem nessa diferenciação e encontro com o eu.
Na psicanálise, a etapa do espelho é fundamental para a formação da identidade, onde a criança reconhece sua própria imagem no espelho e começa a desenvolver um senso de eu separado do ambiente. No entanto, quando uma criança tem um irmão gêmeo, pode haver confusão na percepção da identidade própria, pois a semelhança física entre eles pode dificultar a distinção. Nesse caso, o processo de diferenciação entre o eu e o outro pode ser mais complexo e levar mais tempo para se desenvolver, uma vez que a criança pode projetar sua identidade no irmão gêmeo. Isso pode exigir um acompanhamento cuidadoso dos pais e possivelmente intervenção terapêutica para ajudar a criança a desenvolver uma identidade individualizada.
A história representa que: O irmão do "X" nunca se olhou no espelho, pois o irmão era seu espelho.
Pelo que interpretei do e-book, nessa situação os irmãos gêmeos acabaram, ao serem separados (pelo menos um deles) a regredir (ou ficar preso, talvez) ao estágio do Espelho de Lacan, ele não conseguiu, de certa forma, estabelecer sua identidade como indivíduo - por sempre estar com o irmão, ele sendo quando como seu próprio reflexo, em lugar de um nome e um lugar de diferença em que fosse apenas ele, seu eu, seu nome mesmo, como defende Dolto, A partir do momento que existe a consciência desse problema, seria conveniente enfatizar que - mesmo tendo uma conexão com o irmão, afinal, nasceram e viveram sempre juntos, irmãos separados no parto sentem falta de 'alguma coisa', os gêmeos terão que ter algumas atividades separadas, um faz natação, outro corrida, coisas do tipo, usarem roupas de cores diferentes, estilos diferentes, para terem espaço de diferenciação.
Neste caso e acredito que na maioria de filhos gêmeos, os pais não auxiliam muito na identidade de cada filho.
É necessário ajuda- los para que possam ajudar seus filhos, para que construam cada um sua identidade, com carinho e amor.
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