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Desafio - Módulo II

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O Estádio de Espelho , proposto por Jacques Lacan descreve um conceito crucial no desenvolvimento da criança , onde ela deveria se reconhecer em uma imagem do espelho, no caso do irmão que ficou em casa isso não acontece ao se olha no espelho o demosntrando que sua identidade ainda não foi reconhecida , já que ele atribui a imagem vista a do irmão ausente.

O irmão gêmeo se vê no espelho, porém, o processo de identificação está em formação. Ele reconhece a imagem mas ainda não possui uma percepção consolidada de si e do outro, pois sua constituição psíquica depende do olhar da mãe para se reconhecer e o nomear como sujeito. A imagem visual no espelho é importante para que ele comece a perceber seu corpo como um todo, e não mais como partes soltas, formando assim a base do  seu "eu".

Citação de IEVI em outubro 29, 2021, 11:05 am

Levando em consideração o que está sendo estudado nesta unidade, como você explicaria essa situação dos irmãos gêmeos?

De acordo com esse assunto estudado, eu acredito que a criança ainda não diferencia a imagem do corpo consciente com o a do inconsciente.

Citação de Dornelas da costa em novembro 14, 2021, 12:04 am

O irmão se vendo no espelho , imagina está próximo do irmão e assim o chama para montar no cavalo , a vida é como um espelho , onde reflete o que desejamos.

Eu acredito que a criança precisa se distanciar um pouco do irmão, pra assimilar a diferença do corpo consciente com o inconsciente.

Eu acredito que não apenas gêmeos, mas todos os irmão constituídos de uma mesma família ja vem com uma predisposição a ter em si caractéristicas comuns, em especial gêmeos, que tem essa base de formação genética mais forte, quase que inseparáveis, mas como tudo na vida ainda que tenhamos as mesmas experiências na mesma vida e ao mesmo tempo, todos nós temos uma receptividade diferente, nao sendo diferente com os gêmeos, embora hora ou outra isso possa ser confundido ou até mesmo difundido. A sena que vemos nada mais é do que isso, uma mesma situação vista de formas diferentes, como diz Lackman: "apresenta a sociedade como uma realidade objetiva, em que o sujeito a interioriza e constrói a sua realidade subjetiva" que dizer a mesma experiência pra cada um de nós e vista e recebida de forma diferente, às vezes até parecida, mas com certeza de forma diferente.

Observe que embora sejam gêmeos idênticos, cada um tem suas necessidades.  O que ficou em casa doente,  mesmo nesta condição de fragilidade  sentiu falta do seu companheiro... é interessante perceber que é preciso lidar com cada sentir com consciência. Neste caso específico a mãe como elo acolhe e  toma as decisões.  A criança está no processo de aprendizagem .

 

Segundo Freud, ao nascer, o ser humano passa por uma condição de desamparo motor e psíquico em que o indivíduo é incapaz de lidar com a abundância de estímulos psíquicos e do mundo. Ele precisa de um outro que o auxilie, e que, em geral é a mãe. Essa mãe como ser constituído. Este seria o contexto da formação do psiquismo. De acordo com a 1ª tópica o indivíduo recebe interferência do ser de referência e de acordo com a 2ª tópica há uma dinâmica relação do ser com seu interior e com o mundo.

Segundo Lacan, o estádio do espelho é formador da função do eu no qual o indivíduo se vê em frente ao espelho e, apesar de ainda não dominar a condição motora, se vê como será na condição futura, antevê a sua maturação. O eu é produto da identificação com o outro e o espelho é capaz de devolver à criança a sua imagem. O estádio do espelho é então, o momento da constituição do eu. Da diferenciação entre o eu e o outro.

No caso dos gêmeos, eles estão juntos desde a formação no útero. No processo de identificação, além do reconhecimento da individualidade em relação ao corpo da mãe, também deve ocorrer em relação ao corpo do irmão, que também é uma imagem de si. A mãe e o irmão são uma extensão de si. Depois passam a ser "outros". A criança em frente ao espelho parece já ter entendido que há uma diferença entre ele e o outro. entre ele e o irmão. Mas parece ainda não saber que sua imagem no espelho é sua, prórpia. Ainda a vê como um outro fora de si e com quem pode interagir. Ele olha para o outro e espera que o outro olhe para ele, como afirmação de si.

Françoise Dolto apresenta a imagem do corpo como parte da história emocional da relação do ser humano com o outro. Segundo Dolto a linguagem é importante ou fundamental para que a criança nomeie, signifique e se relacione com seu corpo e com o mundo. O menino em frente ao espelho está estabelecendo essa relação, aprendendo a se reconhecer numa imagem projetada de si, e por isso, não dotada de resposta. Neste momento a mãe precisa intervir com afirmação/ reconhecimento deste menino como ser individual, não extensão do irmão. Alguém cuja imagem esta refletida no espelho. A linguagem será o caminho para a mãe se relacionar com o menino, e ensinar o menino a ver sua imagem própria.

A constituição do eu, na perspectiva da psicanálise, está profundamente ligada ao estado de desamparo que o ser humano vivencia ao nascer. Nesse momento inicial, há uma total dependência de um outro ser humano, já inserido no mundo e na cultura, que possa oferecer acolhimento e auxiliar o bebê a se introduzir na realidade que já existe. Esse outro é essencial para que o sujeito comece a organizar sua vida psíquica.

Dentro dessa dinâmica, destaca-se a importância do estádio do espelho. É por meio da identificação com o outro, ao ver-se refletido ou ao perceber alguém semelhante, que o sujeito começa a construir uma imagem de si mesmo. Esse processo permite que ele se reconheça como alguém distinto, desenvolvendo a noção de identidade própria.

A situação dos irmãos gêmeos pode ser usada como exemplo simbólico desse processo. Embora compartilhem semelhanças físicas e convivam de maneira muito próxima, cada um precisa desenvolver sua própria identidade, diferenciando-se do outro e construindo seu eu de forma singular. Esse movimento entre identificação e diferenciação é essencial para o amadurecimento psíquico e para a formação do sujeito.

A formação do eu, portanto, é um processo que se dá na relação com o outro, exigindo cuidado, reconhecimento e a presença de alguém que introduza o sujeito na linguagem e no convívio social.

A situação dos irmãos gêmeos pode ser compreendida pela teoria psicanalítica a partir do conceito de constituição do eu, que envolve o estádio do espelho. Desde o nascimento, o ser humano experimenta um estado de desamparo, necessitando da presença e do olhar do outro para se reconhecer como sujeito.

No caso dos gêmeos, embora sejam fisicamente idênticos, cada um precisa se constituir como um eu distinto. Isso acontece por meio da identificação com o outro e também da diferenciação. Ao se ver no irmão, um dos gêmeos pode vivenciar o que Lacan chamou de estádio do espelho: reconhecer-se como uma unidade, ainda que inicialmente de forma imaginária.

Esse processo é essencial para que cada gêmeo possa se identificar como sujeito único, mesmo convivendo com um outro tão semelhante. Assim, a cena ilustrada mostra não apenas a semelhança física, mas o desafio simbólico de diferenciar-se e construir sua própria identidade.

No caso em questão, é evidente que os irmãos gêmeos não se reconhecem individualmente, pois não foram oportunizados a conhecer esse essa individualidade. O espelho deles é um o outro, não sendo possível fazer essa distinção.

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