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Desafio - Módulo III

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A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta o pensamento, as emoções e o comportamento de uma pessoa, de tal maneira como cita o testo, de uma pessoa pensar ser o Presidente e agir como tal.

Na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, a esquizofrenia (que na sua época era muitas vezes referida como demência precoce) é compreendida como uma psicose caracterizada por uma profunda perturbação na relação do indivíduo com a realidade e com os objetos externos. A questão central, neste contexto, é o destino da libido que, nesses casos, parece ter sido afastada dos objetos do mundo exterior.

O Que Acontece à Libido Afastada dos Objetos Externos na Esquizofrenia?

De acordo com Freud, na esquizofrenia, a libido (energia psíquica) que normalmente é investida em objetos externos (pessoas, ideias, atividades, o mundo objetivo) é retraída desses objetos. Essa libido retirada dos objetos externos não desaparece, mas é redirecionada para o próprio eu do indivíduo. Freud descreve esse processo como um retorno ao narcisismo, mas de uma forma específica.

Essa hipótese ou mecanismo a que Freud se refere é o narcisismo secundário.

O Mecanismo do Narcisismo Secundário à Luz da Constituição do Eu

Para entender o narcisismo secundário, é importante recordar a constituição do eu (Ego) na psicanálise freudiana:

  1. Narcisismo Primário: Freud postulou um estágio inicial e normal no desenvolvimento psíquico do bebê, o narcisismo primário. Neste estágio, toda a libido do indivíduo está investida em seu próprio eu. O mundo externo ainda não é claramente distinguido do eu, e não há uma diferenciação nítida entre o sujeito e os objetos. O bebê é um sistema fechado, autossuficiente libidinalmente (FREUD, 1914/1974a). Esta é uma fase normal e necessária para a formação inicial do eu.
  2. Desenvolvimento do Amor de Objeto: Com o tempo e o contato com a realidade, parte dessa libido narcísica inicial é deslocada e investida em objetos externos. Isso marca o desenvolvimento do amor de objeto e das relações objetais. A diferenciação entre o eu e o não-eu se estabelece.
  3. Narcisismo Secundário e Esquizofrenia: Na esquizofrenia, Freud observou um fenômeno patológico: a libido que já havia sido investida em objetos externos (amor de objeto) é retirada desses objetos e reinvestida no eu. Este é o narcisismo secundário. O eu do esquizofrênico é superinvestido libidinalmente, mas de uma forma regressiva e patológica.
    • Manifestações: Essa retração da libido e o consequente superinvestimento do eu explicam muitos dos sintomas da esquizofrenia, como o delírio de grandeza (megalomania), que Freud via como uma restauração narcísica do eu, onde o eu inflado tenta substituir os objetos perdidos. A apatia, o afastamento da realidade e a perda de interesse por outras pessoas e pelo mundo também seriam consequências dessa retirada libidinal dos objetos e seu retorno ao eu. O mundo externo perde seu investimento libidinal e, consequentemente, seu significado e sua capacidade de atrair o indivíduo.
    • Constituição do Eu: Essa retração libidinal no narcisismo secundário afeta profundamente a constituição do eu. Em vez de um eu que se relaciona e se enriquece através das interações com o mundo e com os outros, o eu esquizofrênico se torna empobrecido em suas relações objetais, isolado e, paradoxalmente, inflado e grandioso em sua própria fantasia, na tentativa de compensar a perda do contato com a realidade compartilhada (FREUD, 1914/1974a).

Em resumo, a libido afastada dos objetos externos na esquizofrenia é redirecionada e reinvestida no próprio eu do sujeito, um mecanismo que Freud denominou narcisismo secundário. Este processo regressivo é central para a compreensão da patologia esquizofrênica, explicando a megalomania e o profundo distanciamento da realidade e das relações interpessoais observados nesses quadros.

Referências Bibliográficas

FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo: uma introdução. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974a. v. 14, p. 77-108. (Obra original publicada em 1914).

A relação entre paciente e profissional é fundamental pois o psicanalista, através da escuta atenta e da interpretação, auxilia o paciente a compreender seus conflitos internos e padrões de comportamento, visando promover o autoconhecimento e a resolução de questões emocionais, fazendo com que o paciente se localize em seu interior.

Vejam as 3 das principais diferenças entre as psicoterapias nas linhas da psicanálise e da comportamental ou behaviorista:

1 – A psicologia comportamental trabalha baseada na relação estímulo-comportamento-efeito, enquanto a psicanálise baseia-se na análise do consciente, pré-consciente e inconsciente.

2 – A Comportamental compreende uma série de teorias experimentais – por exemplo, a teoria de condicionamento clássico de Pavlov e operante de Skinner. Ambas as teorias enfatizam formas de aprendizagem associativa. Enquanto a psicanálise de Freud se apoia na teoria do iceberg, na qual a mente humana compreende o consciente, pré-consciente (acessíveis) e inconsciente (não acessível).

3 – Em suas origens, a psicologia comportamental é baseada na experimentação científica, enquanto a psicanálise se origina de estudos de casos e ensaios sobre mecanismos psíquicos.

Chama -se desinvestimento libidinal do objeto :A libido deixa de estar ligada ao mundo externo ocasionando assim esse conceito.

Já a segunda questão acontece o Reinvestimento narcísico ,que ocorre quando essa libido volta para o próprio ego .Ou seja, retirada da libido dos objetos e retorno ao narcisismo  primário.

Essa pessoa só pensa em si,ultrapassando todos os limites pra chegar no topo ,a libido precisa estar sempre alta,nao respeita as pessoas amadas .

Na esquizofrenia existe o afastamento da libido do mundo externo. A pulsão não visa objeto e pessoas do mundo exterior. A libido retorna para o seu próprio corpo.

Sim, na esquizofrenia há um fenômenode afastamento da libido energia pulsional do mundo externo, com a pulsão direcionada para o próprio corpo em vez de objetos e pessoas externas, essa concentração da libido no eu (narcisismo primário) é uma característica marcante da psicose esquizofrênica , embora não seja exclusiva dela.

Vejo como uma pessoa que não conseguiu desenvolver o "eu " da forma adequada com todo os conceitos necessários , não sabendo os limites e até onde está certo ou errado . É como se já tivesse essa personalidade formada desde antes seu nascimento , e mesmo o convívio com pessoas que possam lhe mostrar o que é certo ou errado, o seu EU fala mais alto em qualquer situação ou circunstância . É como se ele não precisasse da validação do outro pra entender quem ele é , ou se realmente ele é asquela figura mostrada ali. Ele cria seu Eu e acredita fialmente nele, sem que quaisquer pessoa possa lhe mostrar o contrário.

Reflexão sobre a origem da Psicanálise e o olhar de Freud sobre a esquizofrenia

 

A psicanálise nasceu no final do século XIX com Sigmund Freud, trazendo uma transformação profunda na forma de compreender os pacientes. Ao invés de seguir apenas um olhar médico tradicional, Freud passou a considerar as falas e experiências dos próprios pacientes como fonte valiosa para a construção de conhecimento clínico. A escuta atenta e o entendimento simbólico do que é dito em um contexto terapêutico tornaram-se essenciais.

 

Uma parte que me chamou atenção no conteúdo foi o trecho sobre a esquizofrenia. Freud, em 1914, observou que os pacientes esquizofrênicos apresentavam megalomania e uma desconexão com o mundo externo, tornando-se inacessíveis à influência da psicanálise. Ele usa o exemplo de um paciente que acredita ser o Presidente dos EUA e vive essa fantasia com total convicção, demonstrando um afastamento da realidade e a força das construções psíquicas.

 

Essa reflexão mostra o desafio do analista diante de quadros graves, como o da esquizofrenia, e também destaca a importância de compreender os mecanismos de defesa e a fantasia como parte do processo psíquico. É interessante perceber como Freud já apontava que, mesmo nos casos mais graves, havia uma tentativa do inconsciente de reorganizar-se, ainda que por vias delirantes.

 

Acredito que esse olhar profundo e humanizado sobre o sofrimento psíquico é um dos maiores legados da psicanálise: escutar além do sintoma, buscando sentido no que muitas vezes parece sem sentido.

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