Forum

Please or Cadastrar to create posts and topics.

Desafio - Módulo V

PreviousPage 224 of 224

O desafio de hoje, nos propõe um processo terapêutico muito importante que é a escrita. Eu sempre gostei de escrever e ela me trás inúmeros benefícios, como organização do pensamento, promove uma sensação de bem estar, diminui os níveis de ansiedade e preocupação (às vezes, estou com muitas demandas e quando escrevo, mesmo em forma de check list, desacelera o meu pensamento). Hoje, poder escrever a minha biografia e reviver a minha infância, as alegrias e dores, trás um mix de sentimentos e emoções, mas acima de tudo, permanece a gratidão, pois tudo que chegou até mim, me fortaleceu, ensinou, moldou e me fez chegar até aqui, a quem eu sou hoje e sou imensamente grata por isso.

Durante a escrita, senti um misto de saudade e reflexão. Lembrei de momentos da infância e percebi como alguns sentimentos ainda me acompanham hoje. Foi uma experiência leve, mas profunda, que me fez olhar para mim com mais empatia e autoconhecimento

Autoreflexão é um processo necessário para amadurecer e aprender com a realidade. A reflexão feita com outra pessoa (psicológico, amigos, familiares) pode esbarrar nos limites que o outro apresenta de aceitar nossas fragilidades e lidar com nossas emoções.  No entanto, na autoreflexão estamos diante dos nossos próprios limites de aceitar como somos e nossa capacidade de evoluir.

Para sermos capazes de aceitar nossas emoções e regula-las, o contato com o outro é muito importante, seja na aceitação de quem somos ou na confiança de nossa capacidade de evoluir.

 

Carrego em mim uma curiosidade profunda sobre o que move o ser humano — seus medos, desejos, dores e esperanças. Talvez por isso a psicanálise tenha me encontrado: ela é, de certo modo, o espelho onde posso observar não apenas o outro, mas também minhas próprias camadas. Tenho uma necessidade quase vital de compreender o que sinto, de traduzir em palavras aquilo que às vezes só se manifesta como silêncio ou inquietação.

Sempre vivi entre dois mundos — o da razão e o da fé. A teologia me mostrou o mistério e o sentido; a psicanálise me ensinou a olhar para dentro, a escutar o que o sagrado também diz em forma de inconsciente. E, com o tempo, percebi que não preciso escolher entre um e outro. Meu caminho é justamente o de integrar: unir o espiritual e o emocional, o humano e o divino, o consciente e o inconsciente.

Em termos simbólicos, sinto que carrego o arquétipo do curador ferido. É como se minhas próprias dores me ensinassem a cuidar — não a partir da perfeição, mas da compreensão. Não busco curar por estar ileso, mas porque sei o que é estar ferido e ainda assim desejar a vida. A psicanálise me ajuda a entender essa ferida; a fé me ensina a transformá-la em fonte de compaixão.

Meu olhar sobre o outro vem de um lugar de acolhimento. Gosto de escutar, de perceber o que há por trás das palavras, o que o silêncio tenta dizer. Mas ao mesmo tempo, tenho em mim uma busca constante por coerência interna — um desejo de alinhar o que sinto, penso e faço. Isso mostra o quanto valorizo a autenticidade, mesmo sabendo que ser autêntico é um processo, não um ponto de chegada.

Vejo que meu superego — essa voz que orienta e cobra — não é tão punitivo quanto já foi um dia. Tenho aprendido a ser mais ético do que rígido, mais compreensivo do que exigente. Descobri que o amadurecimento emocional não vem de controlar os sentimentos, mas de dar-lhes um lugar.

A frase que me define talvez seja: “A cura começa no reencontro com a essência.”
Porque, no fundo, meu processo tem sido justamente esse — lembrar de quem sou antes das máscaras, antes das expectativas. Encontrar em mim o espaço onde o sagrado e o humano se tocam, onde a dor se transforma em sabedoria e o silêncio vira presença.

Sou, acima de tudo, alguém em processo. Alguém que aprendeu que compreender a si mesmo é uma forma de fé.

marimaricarmona@gmail.com has reacted to this post.
marimaricarmona@gmail.com

A experiência foi um misto de emoções, visto que o que tem o poder de nos marcar acontece quando não temos capacidade de avaliar o fato ocorrido. Tive uma infância difícil em um lar disfuncional marcado pelo vício do álcool. Sou a filha mais nova de três irmãos, a mais sensível, a mais emotiva, diagnosticada com TDAH na fase adulta e a que absorveu todos os tipos de traumas possíveis dentro desse contexto. Me casei aos 17 anos de idade, me sentindo uma covarde por deixar minha mãe e irmão nesse cenário, mas já não suportava sobreviver nessa realidade. 08 meses após meu casamento e 01 mês após ter completado 18 anos, meu pai faleceu de infarto fulminante. O motivo pelo qual havia me casado cedo já não existia mais; tentei reconstruir minha vida, após 15 anos de relacionamento e com um filho de 06 anos de idade, me separei. Me casei novamente em 2016; aos 41 anos de idade tive depressão e decidi que não iria sucumbir no mar mental e das emoções e passei a ser a observadora dos meus pensamentos, sentimentos e emoções, pedi perdão á meu pai e á mim mesma por tantas idealizações infantis e aos poucos fui ressignificando o terreno da infância o qual nos acompanha por toda a vida. Cheguei a fazer uma carta para ele, escrevendo tudo o que gostaria de dizer e após uma semana lendo e chorando; a cada dia chorando e sentindo um pouco menos, voltei á casa onde morávamos no interior de São Paulo para queimar essa carta e encerrar um ciclo. Isso não significa que não há dias em que novamente preciso mergulhar em mim para superar os obstáculos que se apresentam, mas após ressignificar e adultecer; a vida tem se tornado mais leve.

PreviousPage 224 of 224