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Desafio - Módulo VIII

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Assim como para abrir o presente complexo foram necessárias diferentes ferramentas que se complementavam, na psicologia social, a compreensão da interação indivíduo-sociedade requer a integração e a complementação dessas diversas correntes teóricas. Nenhuma delas, isoladamente, pode oferecer uma visão completa e multifacetada do fenômeno social. O verdadeiro "presente" para o psicólogo social é a capacidade de transitar entre essas lentes, utilizando a "ferramenta" mais adequada para a camada específica da interação que está sendo analisada, a fim de construir uma compreensão mais rica e abrangente.

A Psicologia Social é um campo dinâmico e multifacetado que se dedica ao estudo de como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos são influenciados pela presença real, imaginada ou implícita de outros (ALLPORT, 1954). Para abordar essa complexidade, diversas correntes teóricas surgiram ao longo da história da disciplina, cada uma oferecendo uma lente particular para compreender a intrincada relação entre o indivíduo e o contexto social. A relação entre essas correntes não é de exclusão mútua, mas sim de complementaridade, contraste e, por vezes, síntese, enriquecendo o panorama da Psicologia Social.

Principais Correntes Teóricas e Suas Abordagens

  1. Psicanálise Social:
    • Origem: Embora Sigmund Freud tenha focado primariamente no indivíduo, seus conceitos foram expandidos por pensadores como Erich Fromm, Karen Horney e Wilhelm Reich, que exploraram a influência das estruturas sociais e culturais na formação da personalidade e dos conflitos psíquicos.
    • Foco: Investigação de processos inconscientes, dinâmicas familiares, repressão e como as normas sociais e culturais internalizadas afetam o comportamento social e o sofrimento individual (FROMM, 1941).
    • Relação: Contribui para a compreensão de fenômenos como autoritarismo, conformidade e preconceito, ao analisar as motivações inconscientes e as defesas psicológicas subjacentes a esses comportamentos sociais.
  2. Behaviorismo Social (Teoria da Aprendizagem Social):
    • Origem: Derivado do behaviorismo clássico de Watson e Skinner, mas com a inclusão de variáveis cognitivas. Albert Bandura é um de seus principais expoentes.
    • Foco: O comportamento social é aprendido através de observação (aprendizagem vicária), imitação e reforço. Enfatiza o papel do ambiente e das consequências na modelagem do comportamento (BANDURA, 1977).
    • Relação: Oferece explicações para a aquisição de comportamentos sociais (agressão, altruísmo), a formação de atitudes e a influência de modelos sociais (pais, pares, mídia). Contrasta com a psicanálise por focar no observável e mensurável.
  3. Cognitivismo Social:
    • Origem: Influenciado pela psicologia da Gestalt e pela revolução cognitiva. Kurt Lewin, Leon Festinger e Fritz Heider são figuras importantes.
    • Foco: Como os indivíduos percebem, interpretam e processam informações sociais. Estuda a atribuição de causalidade, a formação de impressões, a dissonância cognitiva e os esquemas mentais que guiam a interação social (FESTINGER, 1957).
    • Relação: Explica como as pessoas dão sentido ao mundo social, como suas crenças e pensamentos influenciam suas ações e como buscam coerência cognitiva. Muitas vezes, integra-se ao behaviorismo social (Teoria Social Cognitiva de Bandura), mostrando como os processos cognitivos mediam a aprendizagem observacional.
  4. Interacionismo Simbólico:
    • Origem: Desenvolvido por George Herbert Mead e Herbert Blumer.
    • Foco: A realidade social é construída através da interação social e do significado que os indivíduos atribuem aos símbolos (linguagem, gestos, objetos). O "self" (eu) emerge dessa interação e da capacidade de assumir o papel do outro (MEAD, 1934).
    • Relação: Oferece uma perspectiva microssociológica sobre a construção da identidade, dos papéis sociais e da realidade compartilhada. Destaca a importância da comunicação e da interpretação mútua nas relações sociais, complementando abordagens que focam em processos individuais ou em grandes estruturas sociais.
  5. Psicologia Social Crítica / Construcionismo Social:
    • Origem: Surgiu como uma crítica às abordagens mais positivistas da psicologia social, influenciada por pensadores como Kenneth Gergen e Michel Foucault.
    • Foco: Questiona a ideia de uma realidade objetiva e universal, argumentando que a realidade social e o próprio "eu" são construções históricas e culturais, moldadas por discursos e relações de poder (GERGEN, 1985).
    • Relação: Desafia as noções de verdade e objetividade nas outras correntes, promovendo uma análise mais profunda das ideologias, do poder e das narrativas que permeiam as interações sociais. Abre espaço para o estudo de temas como identidade, gênero, saúde mental e exclusão social como fenômenos socialmente construídos.

A Relação entre as Correntes: Complementaridade, Contraste e Síntese

A coexistência dessas diversas correntes teóricas na Psicologia Social demonstra a complexidade do seu objeto de estudo.

  • Complementaridade: As diferentes abordagens atuam como lentes complementares. Por exemplo, enquanto o behaviorismo social pode explicar como um comportamento agressivo é aprendido por observação, a psicanálise social pode investigar as raízes inconscientes da agressividade e o construcionismo social pode analisar como a própria noção de "agressão" é socialmente definida e regulada.
  • Contraste e Debate: As correntes frequentemente se contrapõem em suas premissas ontológicas e epistemológicas. O debate entre a ênfase no interno (psicanálise, cognitivismo) versus o externo (behaviorismo) ou na objetividade versus a construção social (construcionismo) impulsiona o avanço teórico e metodológico do campo.
  • Síntese e Integração: Muitos psicólogos sociais contemporâneos não se limitam a uma única corrente, buscando integrar conceitos e métodos de diferentes abordagens para uma compreensão mais rica. A própria Teoria Social Cognitiva de Bandura é um exemplo de síntese entre o behaviorismo (aprendizagem) e o cognitivismo (processos mentais). A Psicologia Social Crítica, por sua vez, embora desafie, também dialoga com as outras teorias ao analisar seus pressupostos.

Conclusão

A riqueza da Psicologia Social reside precisamente na diversidade de suas correntes teóricas. Cada uma delas oferece uma perspectiva única e valiosa para desvendar os mistérios da interação humana e da influência social. Longe de serem mutuamente exclusivas, essas abordagens se complementam, se desafiam e se integram, permitindo que a Psicologia Social continue a evoluir, oferecendo ferramentas cada vez mais sofisticadas para compreender e intervir nos complexos fenômenos do comportamento social.

Referências Bibliográficas

ALLPORT, Gordon W. The Historical Background of Modern Social Psychology. In: LINDZEY, Gardner (Ed.). Handbook of Social Psychology. Cambridge, MA: Addison-Wesley, 1954. v. 1, p. 3-56.

BANDURA, Albert. Social Learning Theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1977.

FESTINGER, Leon. A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford, CA: Stanford University Press, 1957.

FROMM, Erich. Escape from Freedom. New York: Farrar & Rinehart, 1941.

GERGEN, Kenneth J. The Social Constructionist Movement in Modern Psychology. American Psychologist, v. 40, n. 3, p. 266-275, 1985.

MEAD, George Herbert. Mind, Self, and Society. Chicago: University of Chicago Press, 1934.

Assim como no exemplo do presente, onde diferentes ferramentas foram necessárias para acessar o conteúdo, na Psicologia Social também utilizamos diferentes teorias para compreender o indivíduo inserido na sociedade.

 

Cada corrente teórica funciona como uma "ferramenta" que revela um aspecto da realidade social:

 

🔧 As Representações Sociais de Moscovici nos ajudam a entender como o senso comum e as crenças coletivas influenciam a forma como as pessoas percebem o mundo e se comunicam.

 

🔧 A teoria das mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl mostra como as tradições, memórias e crenças coletivas moldam o pensamento, muitas vezes de forma inconsciente e herdada socialmente.

 

🔧 A visão psicanalítica de Freud e o inconsciente coletivo de Jung aprofundam o entendimento sobre os vínculos emocionais e simbólicos que unem os indivíduos em grupos sociais, revelando como fatores inconscientes e culturais estruturam as relações sociais.

 

🔧 Por fim, as três abordagens da Psicologia Social complementam essa compreensão:

✔ A Psicologia Social Psicológica foca na vivência individual.

✔ A Psicologia Social Sociológica observa as relações coletivas e os grupos.

✔ A Psicologia Social Crítica analisa as condições históricas e sociais que atravessam o sujeito.

 

Assim como precisei de diferentes instrumentos para abrir o presente do meu amigo, preciso dessas teorias para "abrir" e entender a complexidade das relações sociais, cada uma revelando uma pa

rte desse todo.

O que pude compreender é que Durkheim estou e desenvolveu um trabalho de que maneira a sociedade compartilham ideias e valores; Moscovici procurou estudar como os grupos sociais criam e compartilham valores; Levy trabalhou o pensamento sobre as sociedades antigas ter formas e maneiras de pensar diferentes das sociedades modernas; Freud desenvolveu estudos onde, o inconsciente influencia nosso comportamento  e personalidade e Jung desenvolveu a crença de que todos os seres humanos compartilham um inconsciente coletivo com símbolos e imagens universais.

Como já foi falado há psicologia social atua nas relações em diversas situações para interação , intervenção e introdução dos grupos de acordo com sua precisão na camada social.

Resumo de Psicologia Social

A Psicologia Social é a área da Psicologia que estuda como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos são influenciados pela presença real, imaginada ou implícita de outras pessoas.

Principais temas:

  • Percepção social: como interpretamos e julgamos os outros.

  • Atitudes e mudança de atitude: crenças e sentimentos que influenciam nosso comportamento.

  • Conformidade e obediência: como e por que seguimos normas sociais ou ordens.

  • Identidade social: sentimento de pertencimento a grupos e como isso afeta o comportamento.

  • Preconceito e discriminação: julgamentos baseados em estereótipos sociais.

  • Relações interpessoais: amizade, amor, cooperação e conflito.

  • Influência social: como somos afetados por opiniões e ações de outras pessoas.

Autores importantes:

  • Kurt Lewin – considerado o pai da Psicologia Social moderna.

  • Solomon Asch – famoso pelos estudos de conformidade.

  • Stanley Milgram – conhecido por seu experimento sobre obediência à autoridade.

  • Henri Tajfel – desenvolveu a Teoria da Identidade Social.

A educação e a cultura são as camadas que buscamos sempre ultrapassar para sociolizar! É una question de educação e cultura! E isso vivemos na prática .

Existem diversos tipos de neuroses, aflições e mazelas que perturbam diferentes tipos de seres humanos. Não podemos nos restringir a apenas um tipo de estudo e análise, pois todos são complementares, uma vez que as ciências humanas são complexas. O ser humano não é uma matemática exata. Não existe uma única fórmula e resposta. Embora os princípios sejam padrões, as formas de lidar com as emoções que os envolvem são diversas.

A metáfora do presente enviado pelo amigo mostra, de forma simples e eficaz, como diferentes ferramentas são necessárias para acessar algo que está protegido por camadas. Da mesma forma, a Psicologia Social utiliza diferentes correntes teóricas para acessar e compreender os fenômenos sociais que envolvem o indivíduo em relação à sociedade. A Psicologia Social Psicológica atua como a primeira ferramenta, pois busca entender o indivíduo em sua subjetividade e na forma como se relaciona com os outros, mesmo que de maneira simbólica ou imaginária. Já a Psicologia Social Sociológica aprofunda essa análise ao observar o papel dos indivíduos em diferentes grupos sociais e como esses grupos impactam suas ações e pensamentos. Por fim, a Psicologia Social Histórico-Crítica funciona como uma ferramenta mais profunda e analítica, que busca compreender os atravessamentos sociais, históricos e ideológicos que moldam os comportamentos humanos.Assim como no exemplo da caixa, nenhuma dessas ferramentas por si só revela completamente o “conteúdo” da experiência humana. É na combinação dessas perspectivas que conseguimos compreender de forma mais completa como o sujeito se forma e se transforma em seu meio social.

Assim como no exemplo da caixa que contém um presente e exige diferentes ferramentas para ser aberta, a psicologia social utiliza diversas abordagens teóricas como instrumentos para compreender a complexa interação entre o indivíduo e a sociedade. Cada teoria funciona como uma “ferramenta” que permite acessar diferentes camadas da realidade social.

A Teoria Comportamental, por exemplo, ajuda a entender como o comportamento do indivíduo é moldado pelas recompensas e punições sociais. A Teoria Cognitiva analisa como o indivíduo interpreta os estímulos sociais e constrói suas crenças e percepções sobre o outro. Já a Psicanálise Social investiga os conteúdos inconscientes que influenciam as relações sociais e os mecanismos de defesa utilizados em grupo.

A Teoria Sociocultural, por sua vez, foca na influência da cultura e das normas sociais sobre o desenvolvimento psicológico, enquanto a Abordagem Crítica questiona as estruturas de poder e desigualdade que moldam as interações sociais.

Portanto, assim como foi preciso usar tesoura, faca e serrote para descobrir o presente, também é necessário utilizar diferentes correntes teóricas para “desempacotar” a complexidade da vida em sociedade. Cada teoria contribui com uma perspectiva específica, e juntas oferecem uma compreensão mais profunda da dinâmica entre o sujeito e o meio social.

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