Forum

Please or Cadastrar to create posts and topics.

Desafio - Módulo I

PreviousPage 724 of 726Next

A análise do caso de Eduardo, um adolescente que manifesta agressividade e opressão como formas de expressão de uma força destrutiva interior, exige uma intervenção pautada rigorosamente na ética psicanalítica da sublimação. O mecanismo de defesa da sublimação, como postulado por Freud, é singularmente valioso e epistemologicamente distinto dos demais, pois permite que as moções pulsionais de origem sexual ou agressiva, que são socialmente inaceitáveis e cuja repressão geraria sofrimento neurótico, sejam desviadas de seu alvo original e transformadas em atividades com elevado valor social e cultural. Em vez de reprimir ou recalcar a força pulsional, a sublimação a canaliza para o campo da produção, da arte, da ciência e da manutenção da ordem social, conforme bem destaca o desafio. Esta transmutação energética é o cerne da possibilidade de uma vida civilizada.

O problema de Eduardo reside no fracasso desse mecanismo. Sua intensa pulsão agressiva não está sendo sublimada, mas sim atuada (acting out) em formas destrutivas evidentes (agressão física, brigas, comportamento opressor) e em formas de negação do laço social (desinteresse escolar, notas ruins), colocando em risco a ordem social na sala de aula e, consequentemente, seu próprio desenvolvimento e futuro engajamento na cultura. A intervenção da ONG Ventos Novos, portanto, não deve ser de natureza punitiva ou meramente repressiva, mas sim catalisadora. Ela deve focar na criação de vias de descarga pulsional que sejam socialmente aceitáveis e valorizadas, promovendo a mudança de comportamento a partir do investimento libidinal do sujeito em novos alvos. O objetivo é oferecer ao ego de Eduardo alvos que possam ser investidos de energia pulsional, desviando essa energia da destruição para a construção.

A Sublimação como Operador da Civilização

Antes de detalhar as ações, é crucial aprofundar a base teórica. A sublimação é, para Freud, a grande conquista da civilização. Em Mal-Estar na Civilização, ele discute como a renúncia pulsional é a matriz da cultura, mas reconhece na sublimação o caminho mais nobre e eficaz para lidar com as pulsões indomáveis. A sublimação permite que a agressão inerente ao id – uma manifestação da pulsão de morte (Thanatos) misturada à libido – seja dessexualizada e desobjetivada, encontrando satisfação sem gerar culpa ou conflito neurótico com o superego ou a realidade externa.

O caso de Eduardo, que apresenta a força destrutiva de forma tão crua, requer uma via de mão dupla para a sublimação. Primeiro, ele precisa de um ambiente seguro para que a pulsão seja escoada sem consequências destrutivas reais; segundo, ele precisa de um reconhecimento social que valide essa nova forma de expressão. As três ações propostas abaixo visam criar esse setting pulsional e social.

Três Ações Fundamentadas na Sublimação

1. Criação de Atividades de Expressão Corporal de Alta Intensidade com Rigor Formal (Canalização da Agressão)

A agressividade manifesta de Eduardo, desde os seis anos de idade, indica uma grande quantidade de energia pulsional – uma mistura potente de libido e Thanatos – que necessita de canalização imediata e com alto grau de demanda física. A simples repressão verbal ou a terapia de conversa podem não ser suficientes para lidar com essa magnitude energética.

Atividades como artes marciais (judô, karatê, taekwondo), com sua ênfase rigorosa na disciplina, na hierarquia de respeito (senpai e kohai) e no controle corporal, ou esportes de impacto com regras explícitas (como rugby, handebol ou escalada esportiva, que exigem cooperação e limite físico estrito), são ideais. O benefício crucial não reside na luta ou no impacto em si, mas na formalização da agressão. O esporte oferece um cenário onde a rivalidade, a força e até a manifestação controlada da agressão são permitidas, mas estritamente regidas por um código ético (as regras e a figura do mestre/treinador). Essa formalização é a chave para a sublimação: a pulsão destrutiva é transformada em disciplina, performance, foco e resiliência, recebendo reconhecimento social positivo e não punitivo. A maestria técnica no esporte se torna o novo alvo pulsional, desinvestindo a agressão direta e desordenada aos colegas. A energia antes usada para a opressão agora é investida na superação de um desafio físico e mentalmente estruturado. A repetição dos movimentos e o respeito à forma contribuem para a estruturação do ego e para a integração de um senso de limite interno.

Esta ação opera no princípio da mudança de alvo, onde a agressão se dirige a um objeto substituto (a performance ou o adversário dentro das regras) e é socialmente valorizada (medalhas, reconhecimento, pertencimento à equipe).

2. Desenvolvimento de Oficinas de Criação Artística com Foco na Transformação da Matéria (Canalização da Destrutividade)

O desinteresse e as notas baixas de Eduardo, aliados à sua agressividade, sugerem uma dificuldade em investir o campo do saber formal e uma carência na produção de sentido. A sublimação opera de forma exemplar na arte, pois a criação estética é, na teoria freudiana, uma das formas mais elevadas da dessexualização e desobjetivação da pulsão.

Sugiro o desenvolvimento de oficinas que envolvam a manipulação e transformação de materiais brutos e resistentes, permitindo a descarga de força física e a confrontação com um objeto inanimado, como escultura em argila ou madeira, carpintaria básica, ou modelagem em gesso. Estas atividades permitem que a pulsão agressiva e destrutiva (a força bruta, o desejo de "quebrar" ou "moldar o mundo à sua vontade") seja aplicada na resistência da matéria (bater, cortar, lixar, moldar), resultando em um objeto final que é apreciado pela comunidade (benefício social). A transformação de uma força potencialmente destrutiva em um objeto estético ou útil configura a sublimação em seu estado mais puro, promovendo em Eduardo um sentimento de eficácia simbólica e autoria. Ao criar algo a partir de sua força, ele pode começar a investir no campo da produção em vez da destruição. Além disso, a arte oferece uma via para a expressão simbólica de conflitos internos, o que é fundamental para um adolescente que provavelmente não tem acesso verbalizado aos seus afetos mais intensos. A criação se torna um mediador entre seu mundo interno turbulento e a realidade externa.

3. Implementação de um Grupo de Trabalho com Tarefas de Liderança Técnica e Produtiva (Canalização do Desejo de Domínio)

Eduardo demonstra um comportamento de opressão e domínio sobre os mais novos, indicando que seu desejo de poder e controle está presente, mas mal dirigido. Em vez de reprimir essa inclinação – que é, em essência, o impulso de exercer sua vontade no mundo –, a ONG pode canalizá-la e formalizá-la eticamente.

É crucial introduzir Eduardo em um Grupo de Trabalho Estruturado onde ele receba a responsabilidade de liderar uma tarefa técnica e concreta que exija organização, planejamento e respeito mútuo. Exemplos incluem: ser o responsável pela manutenção de um projeto ecológico da ONG (um jardim ou uma horta comunitária), a organização logística de um evento beneficente ou a gestão de um pequeno projeto de infraestrutura interna. A liderança aqui é técnica (baseada no saber fazer e na coordenação), e não opressora (baseada no saber mandar pelo medo).

Ao ser reconhecido pelo grupo de pares e pela autoridade da ONG por sua capacidade de organizar a força de trabalho e os recursos para um bem comum, o desejo de domínio se transforma em função de liderança responsável (sublimação). Essa experiência prática fornece a Eduardo um novo e legítimo lugar de investimento e pertencimento. A ordem social é mantida, não pela anulação do desejo de poder, mas pela sua utilização socialmente aprovada. Ao ser colocado na posição de responsável pelo bem-estar e sucesso de outros, ele é forçado a internalizar a Lei e a responsabilidade, integrando o princípio da realidade de forma construtiva e não através da punição.

Considerações Finais e Implicações Éticas

Estas três ações convergem para o objetivo psicanalítico de desviar a pulsão de seu alvo destrutivo e investi-la em atividades que beneficiam o indivíduo (pela satisfação e estruturação do ego) e a coletividade (pela contribuição social), utilizando a sublimação como o principal operador da mudança comportamental, conforme a compreensão freudiana.

É essencial que todas as atividades sejam acompanhadas por um espaço de escuta na ONG (individual ou em grupo). Embora a sublimação seja um mecanismo "silencioso" (não exige insight), a reflexão sobre o reconhecimento social que ele recebe e sobre os sentimentos despertados pela criação pode reforçar a identificação com a Lei e com a ordem social, estabilizando a conquista. A falha de Eduardo em sublimar suas moções agressivas resultou em seu fracasso escolar, o que é a materialização de seu não-investimento no laço social e no saber. A criação de novos alvos de investimento, como os propostos, representa a chance de reverter essa trajetória destrutiva, garantindo que a energia pulsional, a base da vida, se converta em força motriz para a civilização e a produção de um sujeito mais ético e integrado. A sustentabilidade da ordem social, neste caso, é obtida pela transformação interna de Eduardo, mediada pelo trabalho de sublimação.

Um aluno com o perfil do Eduardo deve ser tratado com um olhar mais atento no sentido de buscar primeiramente as raizes de tais problemas. Muitas vezes as atitudes agressivas dele na escola , sua falta de vontade e interesse nos estudos , podem estar ligados ao que ele vive em sua vida familiar ou até mesmo sua vida no geral : bairro, vizinhos, estrutura financeira dos pais. As dificuldades podem ser tanto físicas , quanto mentais. Então a investigação do seu caso começa na sua vida familiar, o contexto geral em que vive tanto em casa quanto em sociedade ,como pro exemplo seu bairro ou cidade. Se ali nao for encontrado nada que justifique seus atos, deve-se também levar em consideração sua  saude mental .

A análise do caso de Eduardo, um adolescente que manifesta agressividade e opressão como formas de expressão de uma força destrutiva interior, exige uma intervenção pautada rigorosamente na ética psicanalítica da sublimação. O mecanismo de defesa da sublimação, como postulado por Freud, é singularmente valioso, pois permite que as moções pulsionais de origem sexual ou agressiva, que são socialmente inaceitáveis, sejam desviadas de seu alvo original e transformadas em atividades com elevado valor social e cultural. Em vez de reprimir ou recalcar a força pulsional, a sublimação a canaliza para o campo da produção, da arte, da ciência e da manutenção da ordem social, o que constitui a grande conquista da civilização.

O problema de Eduardo reside no fracasso desse mecanismo. Sua intensa pulsão agressiva não está sendo sublimada, mas sim atuada (acting out) em formas destrutivas evidentes (agressão física, brigas, comportamento opressor) e em formas de negação do laço social (desinteresse escolar), colocando em risco a ordem social. A intervenção da ONG deve ser catalisadora, focando na criação de vias de descarga pulsional que sejam socialmente aceitáveis e valorizadas, promovendo a mudança de comportamento a partir do investimento libidinal do sujeito em novos alvos. O objetivo é oferecer ao ego de Eduardo alvos que possam ser investidos de energia pulsional, desviando essa energia da destruição para a construção.

Apresento, a seguir, três ações/atividades que, fundamentadas na sublimação e no manejo clínico, poderiam ser implementadas para favorecer a mudança de comportamento de Eduardo:

 

1. Criação de Atividades de Expressão Corporal de Alta Intensidade com Rigor Formal (Canalização da Agressão)
A agressividade manifesta de Eduardo indica uma grande quantidade de energia pulsional que necessita de canalização imediata e com alto grau de demanda física. Atividades como artes marciais (com ênfase rigorosa na disciplina, na hierarquia de respeito e no controle corporal) ou esportes de impacto com regras explícitas (que exigem cooperação e limite físico estrito) são ideais. O benefício crucial não reside na luta ou no impacto em si, mas na formalização da agressão. O esporte oferece um cenário onde a rivalidade, a força e até a manifestação controlada da agressão são permitidas, mas estritamente regidas por um código ético. Essa formalização é a chave para a sublimação: a pulsão destrutiva é transformada em disciplina, performance e foco, recebendo reconhecimento social positivo e não punitivo. A maestria técnica no esporte se torna o novo alvo pulsional, desinvestindo a agressão direta e desordenada aos colegas e contribuindo para a estruturação do ego e a integração de um senso de limite interno.

 

2. Desenvolvimento de Oficinas de Criação Artística com Foco na Transformação da Matéria (Canalização da Destrutividade)
O desinteresse escolar e a agressividade de Eduardo sugerem uma carência na produção de sentido e na capacidade de investimento libidinal no saber. A sublimação opera de forma exemplar na arte, pois a criação estética é uma das formas mais elevadas da dessexualização da pulsão. Sugiro o desenvolvimento de oficinas que envolvam a manipulação e transformação de materiais brutos e resistentes, como escultura em argila ou madeira, carpintaria básica, ou modelagem em gesso. Estas atividades permitem que a pulsão agressiva (a força bruta, o desejo de "moldar o mundo à sua vontade") seja aplicada na resistência da matéria (bater, cortar, lixar), resultando em um objeto final que é apreciado pela comunidade (benefício social). A transformação de uma força potencialmente destrutiva em um objeto estético ou útil configura a sublimação em seu estado mais puro, promovendo em Eduardo um sentimento de eficácia simbólica e autoria.

 

3. Implementação de um Grupo de Trabalho com Tarefas de Liderança Técnica e Produtiva (Canalização do Desejo de Domínio)
Eduardo demonstra um comportamento de opressão e domínio, indicando que seu desejo de poder e controle está presente, mas mal dirigido. Em vez de reprimi-lo, a ONG deve canalizá-lo e formalizá-lo eticamente. É crucial introduzir Eduardo em um Grupo de Trabalho Estruturado onde ele receba a responsabilidade de liderar uma tarefa técnica e concreta que exija organização, planejamento e respeito mútuo (como a manutenção de um projeto ecológico ou a organização logística de um evento). A liderança aqui é técnica (baseada no saber fazer), e não opressora (baseada no saber mandar pelo medo). Ao ser reconhecido pelo grupo por sua capacidade de organizar a força de trabalho e os recursos para um bem comum, o desejo de domínio se transforma em função de liderança responsável (sublimação), promovendo a ordem social dentro do pequeno grupo e fornecendo a Eduardo um novo e legítimo lugar de investimento e pertencimento. Ele é forçado a internalizar a Lei e a responsabilidade de forma construtiva.

Citação de ALINE S BERNARDES SILVA em novembro 20, 2025, 11:47 pm

Um aluno com o perfil do Eduardo deve ser tratado com um olhar mais atento no sentido de buscar primeiramente as raizes de tais problemas. Muitas vezes as atitudes agressivas dele na escola , sua falta de vontade e interesse nos estudos , podem estar ligados ao que ele vive em sua vida familiar ou até mesmo sua vida no geral : bairro, vizinhos, estrutura financeira dos pais. As dificuldades podem ser tanto físicas , quanto mentais. Então a investigação do seu caso começa na sua vida familiar, o contexto geral em que vive tanto em casa quanto em sociedade ,como pro exemplo seu bairro ou cidade. Se ali nao for encontrado nada que justifique seus atos, deve-se também levar em consideração sua  saude mental .

Prezada Aline, sua análise é fundamental e toca em um ponto crucial da saúde pública: a interconexão entre o sofrimento subjetivo e as determinantes socioeconômicas que estruturam a realidade do indivíduo. É inegável que as dificuldades que você menciona — questões familiares, financeiras e ambientais — constituem o substrato da angústia e da frustração que Eduardo vivencia. O perfil do aluno de uma ONG em áreas de vulnerabilidade, como o Rio de Janeiro, exige, de fato, um olhar atento às raízes complexas de seu comportamento.

Contudo, para a Psicanálise, a compreensão dessas raízes externas não anula, mas sim intensifica, a necessidade de uma intervenção na economia pulsional interna de Eduardo. Não podemos limitar o problema do comportamento agressivo à sua etiologia social, sob o risco de reificar o sujeito à condição de mero reflexo de seu meio. A agressão é, primordialmente, uma manifestação de uma energia pulsional (o Thanatos) que busca descarga.

O mérito da sublimação, neste contexto, é justamente o de oferecer um caminho de transformação que é independente da mudança imediata das condições externas. Enquanto a ONG trabalha para mitigar a vulnerabilidade social, a intervenção psicanalítica trabalha para que Eduardo não seja apenas uma vítima passiva do meio, mas um agente ativo capaz de canalizar a força gerada por essa frustração.

As atividades que focam no rigor formal dos esportes e na transformação da matéria pela arte não ignoram o bairro ou a família, mas dão a Eduardo ferramentas internas (o domínio do corpo e a autoria da criação) para que ele possa investir sua libido em alvos construtivos. Isso o dota de uma capacidade egóica de resistir e de produzir valor, o que, a longo prazo, é a verdadeira via para a superação da determinação social. A questão do sofrimento de Eduardo é de estrutura subjetiva, e a sublimação é a via mais nobre para a sua desfusão da pulsão destrutiva.

Citação de Ronaldo Alexandre Castilho em novembro 1, 2021, 6:21 pm

1º - É necessário saber como é o ambiente familiar do Eduardo, o processo de elaboração da sublimação já se caracteriza como um mecanismo de defesa do ego, que tem por função estabelecer o esquecimento de lembranças dolorosas sem muito se distinguir do recalque, ou seja, talvez ele utilize de uma maneira agressiva no colégio, como um ato de autodefesa;

2º O ambiente escolar é fundamental para o conceito de sublimação, além da importância do auxílio da psicanálise na relação entre Eduardo e seus professores;

3º No que diz respeito ao processo de aprendizagem da criança a psicanálise traz uma evidente contribuição acerca do tema, uma delas é o conceito desenvolvido por Sigmund Freud sobre pulsão por saber e ou desejo por saber, ou seja, a criança transfere seus desejos de saber sexual para desejos de saber intelectual de conhecimento, onde aparece evidenciado no ambiente escolar.

Prezado Romário,

Sua contribuição é extremamente pertinente, especialmente ao destacar o papel estruturante dos fatores primários, como o ambiente familiar (ponto 1), e a relevância do cenário educacional (ponto 2) como espaço crucial para a intervenção. Sua análise introduz um debate teórico fundamental para a compreensão do caso de Eduardo.

No entanto, para manter o rigor acadêmico, é crucial refinar a distinção entre a sublimação e o mecanismo de recalque (Verdrängung), que é o responsável pelo "esquecimento de lembranças dolorosas" que você menciona. Embora o sofrimento familiar possa gerar as memórias dolorosas que precisam ser mantidas no inconsciente (função do recalque), a sublimação é um mecanismo de defesa qualitativamente superior e distinto.

Sublimação vs. Recalque: A sublimação, no sentido freudiano estrito, não visa o esquecimento da memória, mas sim o desvio da energia pulsional (agressiva ou sexual) para um novo alvo socialmente aceitável e não conflituoso. Ela oferece uma via de satisfação "substitutiva" sem o alto custo psíquico do recalque. No caso de Eduardo, buscamos ativamente canalizar a força pulsional (agressiva) para a criação e a disciplina, e não apenas enterrar a causa do sofrimento. O recalque apenas adia o sintoma; a sublimação o transforma em produção.
Validação da Sublimação Intelectual: Sua observação sobre a sublimação intelectual (ponto 3) é perfeitamente convergente. O não-investimento de Eduardo na escola, manifestado pelas notas ruins, é a prova do fracasso da pulsão de saber – que é a transferência da libido dessexualizada para a curiosidade e o aprendizado. Nossas ações práticas (esporte, arte, liderança) visam justamente reativar esse investimento. O sucesso e o reconhecimento obtidos na liderança técnica ou na criação artística podem funcionar como um sublimador primário, cujos resultados positivos podem, por fim, ser transferidos para o investimento intelectual, resgatando a pulsão de saber e reintegrando-o ao laço social formal.
Assim, o ambiente familiar cria o campo de forças (a dor ou a agressividade), mas o ambiente escolar e as atividades da ONG (os novos alvos) são os dispositivos de desvio e transformação pulsional, permitindo que Eduardo se torne um sujeito produtivo e não apenas um ator da pulsão.

A sublimação de acordo com Freud diz que os impulsos sexuais e agressivos devem ser redirecionados para que o indivíduo desenvolva atividades socialmente aceitáveis e valorizadas, de acordo com essa teoria, Eduardo poderia ser encaminhado para fazer parte de atividades extracurriculares como:

1- Participar da equipe de jiu-jitsu, atividade essa que ajudaria a descarregar seus impulsos de maneira saudável.
2- Fazer parte da equipe de atividades solidárias da escola, através dessa ação ele estaria direcionando suas pulsões para os cuidados com outros indivíduos.
3- Desenvolver com Eduardo atividades artísticas, buscando uma que ele mais se identifique, para que tal atividade faça parte de sua rotina e através dela, ele possa expressar suas emoções e desejos inconscientes.

4- E não se esquecer é claro de ter um dialogo saudável em primeiro lugar.

Embora de modo amplo todos os adolescentes venham mesmo

local geográfico e praticamente do mesmo realidade social, a

vida pregressa do Eduardo (como todas as outras) teve suas

particularidades. Provavelmente algumas delas geraram traumas. Exercícios poderiam ser: uma conversa com com Eduardo,
buscando compreender sua história de vida e suas passagens.
2 atividade: conhecimento, por encontro pessoal com as pessoas que o criaram, qu moldam o meio em que ele vive.

Como 3 avidade, munido de todas as informações adquiridas, tentar conversar novamente com Eduardo, mostrando novas possibilidades de acolhimento de seus sentimentos mestrando formas diferentes de se expressar, dando oportunidade para que ele se apresente para as outras pessoas sem medo de julgamentos e com como controle de suas emoções.

É provável que ele tenha um ambiente família problemático, possivelmente agressivo e disfuncional. Não tendo outro parâmetro , ou forma de aliviar o que vive, potencializa seu sentimento em atos agressivos para com os mais fracos,falta de respeito, e falta de interesse.

1- Cabe convidar os responsáveis dele para uma conversa de forma pessoal com um representante da instituição para averiguar as potenciais causas desse comportamento.

2- é válido uma abordagem menos direta com um profissional da área de psicologia para através de meios não tão evidentes possam falar dessas tristezas, incomodos, raiva.

3- buscar inserir o jovem em um ambiente que ensine respeito,regras , hierarquia, muitas vezes encontrado nós esportes, que não só condicionam o corpo mas também auxiliam em uma mente saudável.

Uma das maneiras mais eficazes de favorecer a sublimação é abrir espaço para que Eduardo coloque sua energia em produções simbólicas. Atividades como desenho, pintura, escrita de pequenas histórias ou até mesmo música permitem que ele transforme tensões internas em algo comunicável e socialmente valorizado. Ao envolver-se nessas práticas, ele aprende a deslocar seus impulsos — muitas vezes manifestados de forma inadequada — para um meio onde possa construir, imaginar e dar forma a emoções que ainda não sabe expressar totalmente. Além disso, a constância nessas atividades contribui para o desenvolvimento da atenção, da paciência e da percepção de que aquilo que sente pode encontrar um caminho diferente do conflito ou da agressividade.

A partir da compreensão freudiana de sublimação — isto é, o processo pelo qual os impulsos agressivos ou indesejados são transformados em atividades socialmente aceitas e produtivas . Podemos pensar em intervenções que canalizem a energia do aluno para comportamentos mais construtivos,  favorecendo o desempenho acadêmico e reduzindo a agressividade, mas também verificar o ambiente familiar, escolar e social onde o garoto esta inserido.

EX:

1. Atividades expressivas e criativas (canalização simbólica da agressividade)

 O impacto esperado é: A melhora no autocontrole emocional, diminuição de explosões agressivas, mais engajamento escolar.

2. Atividade física estruturada e com finalidade social

Impacto esperado: redução da tensão interna, melhora da autoestima, aumento da capacidade de lidar com frustrações.

3. Projetos de responsabilidade e participação (investimento libidinal em metas)

Impacto esperado: melhora da motivação interna, sensação de pertencimento e aumento gradual do empenho acadêmico.

PreviousPage 724 of 726Next