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Desafio - Módulo II

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Os irmãos Gêmeos:

Na visão da Psicanálise e da Psicologia, ao nascer, o bebê se compreende por partes e também se sente solitário, o que lhe causa muita dor psico-emocional.

À medida que vai crescendo e evoluindo, a criança começa a experimentar e identificar sua existência, através de estímulos biológicos e com a ajuda do outro, sobretudo a mãe, que é com quem a criança primariamente se identifica, cria laços afetivo.

A dinâmica da auto-afirmação começa a ser construída a partir do primeiro estágio do espelho, ou seja, a partir de seu reconhecimento através de sua imagem refletida no espelho. Esse é o primeiro passo da auto-identificação, como um ser único, independente.

Mas, esse ser, ainda, não desenvolveu sua construção psíquica, mesmo que sendo gerado de forma monozigótica.  A formação de seu Eu é muito prematura, portanto, ele não consegue distinguir seu reflexo no espelho com o seu irmão gêmeo univitelino.  É preciso que o Outro o ajude a gerar estímulos para a identificação de seu Eu de forma completa.

Acredito que para que o impacto de situações como essas podem ser menos traumatizante já que o irmão quando olha no espelho não vê seu reflexo e sim imagina que seja seu irmão, isso deveria ser trabalhado na família com atividades onde eles pudessem ser reconhecidos como seres humanos diferentes as vezes pequenas atividades do dia a dia possa trabalhar isso como pedir a ajuda de um para lavar a louça enquanto o outro molha as plantas ou colocar um para tomar banho enquanto o outro escova os dentes ou arruma os brinquedos em resumo tratar eles como indivíduos distintos para que não tenham esse choque e fiquem com traumas.

De certa forma ,podemos dizer que viemos da inexistência física para a existência dentro da concepção fisiológica.Nascer após todo o processo biológico, formado e abrigado dentro de um útero,ligado ao cordão umbilical,onde nascer é romper a conexão orgânica ,e ser lançado ao meio externo desconhecido. A imagem do "eu" projetada no irmão gêmeo, não diferenciada a frete do espelho,traz a dependência que todos nós temos ,de ter um referencial humano,que serve de guia na adaptação ao novo ambiente,que é o mundo . A imagem vai se desenvolvendo até o amadurecimento onde cada um se percebe como indivíduo. Nos gêmeos ,a imagem dele refletida ,não pode ser percebida como própria,pelo fato de estar ligada a imagem do irmão, biologicamente semelhante.

O irmãos gêmeos idênticos sentem o outro como parte, a casos que mesmo distantes podem sentir aflições e dores que é espelhado de seu gêmeo.

Eu como mãe de gêmeas nunca as vestia igual ,pelo fato de ver muita dependência entre elas. Primeira coisa que fizemos quando vimos uma dependência emocional forte  entre elas, foi separa-las de sala de aula  .Então daí em diante elas começaram o processo de individualismo e crescimento  a representatividade do Eu de cada uma.

Ao encarar a escola sem o companheiro de todas as horas, o gêmeo experimentou uma solidão desconhecida. Essa experiência desafiadora o levou a se olhar no espelho e ver a imagem do irmão doente. Talvez, fosse uma maneira de manter viva a presença do companheiro, mesmo na ausência física.

A mãe, ao perceber a tristeza do filho, agiu com empatia. Sua compreensão e apoio emocional mostraram que ela entendia a importância da conexão entre os gêmeos. Esse gesto não apenas acalmou o coração do filho, mas também reforçou a ideia de que, mesmo separados por circunstâncias temporárias, a ligação entre eles permanecia forte.  A experiência da separação, o olhar no espelho e a resposta empática da mãe se tornaram elementos cruciais nesse caminho. No final, a superação da solidão fortaleceu não apenas a relação entre os gêmeos, mas também a compreensão da importância do apoio familiar diante dos desafios da vida.

Por serem gêmeos univitelinos, e nunca serem separados, o que ficou em casa, não tem tinha nenhum tipo de imagem armazenada no consciente, aonde se via longe do irmão. Por esse motivo achou que estava falando com seu irmão, mais era só o seu reflexo no espelho.
Sendo assim a mãe deveria fazer atividades separadas, aonde os meninos se vissem como indivíduos e não como unidade, para que no futuro esse tipo de evento não viesse a ser feito de forma traumatizante para ambos.

O reflexo no espelho, trouxe dúvidas e incertezas em seu mundo interior, por serem irmãos gêmeos, mas o apoio da mãe, trouxe paz ajudando a discernir e dar entendimento.

Na abordagem psicanalítica, especificamente considerando os conceitos de Jacques Lacan sobre a constituição do eu, essa situação dos irmãos gêmeos pode ser interpretada à luz do estádio do espelho e da formação do eu.

O estádio do espelho é crucial no processo de desenvolvimento, pois é nele que a criança, ao se ver refletida em um espelho, estabelece uma identificação com a imagem que vê. Essa identificação é fundamental para a formação do eu, pois permite à criança distinguir-se como um ser separado do ambiente e dos outros.

No caso dos gêmeos univitelinos, a ausência de diferenças físicas perceptíveis para os demais pode gerar uma experiência particular. O episódio em que um dos gêmeos se dirige ao espelho em busca do cavalo de madeira pode indicar a busca por uma identidade individual, uma vez que o espelho representa o outro significativo para a criança. Ao solicitar algo diretamente à sua própria imagem, pode-se interpretar como uma tentativa de afirmar sua singularidade, mesmo que seja simbolicamente.

A situação na escola, em que um dos gêmeos fica em casa enquanto o outro vai para a escola, amplifica a angústia e a busca por identidade. A mãe, ao relatar as ações do irmão ausente, está sinalizando a importância do outro na construção do eu. O fato de a criança doente ficar mais angustiada, mesmo na presença da mãe, sugere a necessidade de reconhecimento e validação por meio do irmão, reforçando a importância da identificação para a constituição do eu.

A psicanálise poderia sugerir que esses eventos estão relacionados ao processo de diferenciação e busca de identidade que são fundamentais no desenvolvimento do eu, mesmo em casos de gêmeos idênticos. Essa busca por reconhecimento e validação, especialmente na relação com o irmão, é parte integrante do complexo processo psicológico envolvido na formação do eu.

Nesta situação, o gêmeo que ficou em casa ainda não sabe distinguir a diferença entre ele e seu irmão gêmeo e nem reconhecer a sua própria imagem, e talvez ainda não tenha sido explicado pra ele o que é ser irmão gêmeo pois ele viu sua imagem refletida e confundiu com seu próprio irmão.

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