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Desafio - Módulo II

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Como dito no início que são irmãos idênticos e inicialmente a criança se diferencia do outro, cria sua própria identidade, através da imagem vista no espelho (estádio do espelho), ele ainda não consegue diferenciar sua imagem com a do seu irmão, com isso, acredita-se que a imagem vista no espelho era seu irmão. Por isso, sua mãe precisa ensiná-lo essa diferenciação entre ele e seu irmão. Um meio para isso, é colocando os dois em frente ao espelho ao mesmo tempo e mostrando que eles são idênticos mas que um é o irmão X e o outro o irmão Y, e para entenderem quem é quem, pedir para que façam um movimento específico um de cada vez e assim ele vai entender e se identificar através da imagem do espelho, fazer repetidas vezes até começarem a entender de fato essa diferença.

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Luiz Antonio De Almeida Souza

No momento em que um gêmeo permaneceu em casa por estar doente, ele demonstrou angústia pela separação do outro. Segundo a psicanálise do eu de Freud, essa reação evidencia que, mesmo entre gêmeos idênticos, cada um desenvolve sua própria individualidade emocional e experiências subjetivas.

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Luiz Antonio De Almeida Souza

A criança ainda não consegue se ver, ao se olhar no espelho, acredita ser o irmão e não sua própria imagem, reflexo do meio que vive.

Os gêmeos são vistos como um espelho um do outro, influenciando a formação da identidade, vínculos afetivos e rivalidades inconscientes. O vínculo entre eles pode intensificar questões de individualidade, competição e projeção de desejos ou medos.

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Luiz Antonio De Almeida Souza

A situação descrita — um menino gêmeo que se olha no espelho e começa a chamar, sem compreender que se trata de seu próprio reflexo — pode ser analisada a partir da teoria do Estádio do Espelho, formulada por Jacques Lacan.

Segundo Lacan, esse momento é fundamental na constituição do “eu” (moi), pois a criança, ao reconhecer sua imagem no espelho, percebe-se como um corpo unificado, diferente da experiência fragmentada que tem de si mesma nos primeiros meses de vida. Esse reconhecimento, no entanto, não é imediato: a criança inicialmente acredita que a imagem é “um outro”, e somente com a mediação do olhar e da palavra do adulto começa a integrar essa imagem como sendo “ela mesma”.

No caso apresentado, há um complicador importante: o fato de o menino ter um irmão gêmeo. A gemelaridade traz uma duplicação concreta do “outro” semelhante, que pode gerar uma confusão ainda maior entre eu e outro. O reflexo no espelho, que já é enigmático para qualquer criança, pode ser confundido não apenas consigo mesmo, mas também com a imagem do irmão idêntico.

Essa situação ilustra como o processo de constituição do eu é atravessado pela presença do semelhante: o “outro” (no caso, o irmão gêmeo) torna-se um espelho vivo, duplicando a experiência e potencializando a dúvida entre identidade e alteridade. Assim, o menino, diante do espelho, pode não apenas se perguntar “sou eu?”, mas também “será que é o meu irmão?”.

Portanto, esse exemplo evidencia que o “eu” não se constrói de forma isolada, mas sempre em relação ao olhar do outro, à imagem e ao desejo do outro. A teoria lacaniana do Estádio do Espelho ajuda a compreender como, nesse caso, a presença do irmão gêmeo acrescenta uma camada de complexidade à constituição da identidade do sujeito.

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Luiz Antonio De Almeida Souza

A construção do eu e do mundo: uma leitura da infância através da Psicologia Social

Nesta unidade temos mergulhado em diferentes perspectivas que ajudam a compreender como o ser humano se forma — não apenas biologicamente, mas como sujeito social, histórico e simbólico. Estudamos Leontiev, Vygotsky, Berger & Luckmann, Habermas e os fundamentos da Psicologia Social, chegando até os conceitos de imagem pessoal e constituição do eu. Todos esses saberes se entrelaçam e ganham vida quando olhamos para situações concretas, como a história dos irmãos gêmeos apresentada no documento.

Dois irmãos idênticos, inseparáveis, são reconhecidos apenas pela mãe e pelo irmão mais velho. Um deles, resfriado, fica em casa enquanto o outro vai à escola. A mãe, ao retornar, encontra o filho doente em um momento de angústia: ele suplica à própria imagem refletida no espelho, pedindo que o irmão (representado ali) brinque com ele. Ao acolher o filho, a mãe ouve a frase carregada de dor: “O [nome do irmão] não quer brincar de cavalo.”

Essa cena, embora singela, revela muito sobre como o psiquismo humano se constrói.

Psicologia Sócio-Histórica – Leontiev e Vygotsky

Para Leontiev, a atividade humana é o motor do desenvolvimento psicológico. Vygotsky complementa: o sujeito se forma na relação com o outro, por meio da linguagem e da mediação social. A brincadeira de “cavalo” é mais que uma brincadeira — é uma atividade carregada de sentido, que só existe plenamente na presença do irmão. Sem ele, o menino tenta recriar a interação através do espelho, revelando que sua identidade ainda está em processo de formação e depende da alteridade para se afirmar.

Sociologia do Conhecimento – Berger & Luckmann

Segundo Berger e Luckmann, a realidade é socialmente construída. O “eu” não é algo dado, mas produzido nas interações cotidianas. O menino, ao se dirigir ao espelho, tenta manter a continuidade de sua realidade compartilhada com o irmão. A ausência rompe essa estrutura, gerando angústia. Sua fala é uma tentativa de reconstruir simbolicamente o vínculo perdido, reafirmando que o outro é parte constitutiva do seu mundo.

Teoria da Ação Comunicativa – Habermas

Habermas nos ensina que a comunicação é essencial para o entendimento mútuo e para a constituição do sujeito. A súplica do menino ao espelho é um ato comunicativo interrompido, ele busca resposta, reconhecimento, mas não encontra interlocutor. A mãe, ao acolher o filho, restabelece esse vínculo, oferecendo escuta, afeto e sentido. Esse gesto é fundamental para que o menino possa reorganizar sua experiência emocional e simbólica.

Psicologia Social – O psiquismo como construção relacional

A Psicologia Social mostra que o psiquismo humano é atravessado pelas relações sociais, pela cultura e pela linguagem. A dor do menino não é apenas individual, ela é relacional. Sua identidade está entrelaçada à presença do irmão, e sua angústia revela o quanto o outro é parte do seu próprio eu. O espelho, nesse contexto, torna-se um espaço de tentativa de reconstrução simbólica da relação.

Psicanálise – Freud, Lacan e Dalto: o corpo, a imagem e o eu

A teoria psicanalítica aprofunda essa análise ao considerar o papel do corpo e da imagem na constituição do sujeito:

- *Freud* aponta que o eu se forma a partir de identificações, especialmente na infância. O menino, ao olhar para o espelho, projeta no reflexo a imagem do irmão, revelando uma identificação primária que ainda não distingue claramente o eu do outro. A brincadeira interrompida é também uma ruptura na organização pulsional e afetiva.

- *Lacan*, com sua teoria do estádio do espelho, nos mostra que é através da imagem especular que o sujeito começa a se reconhecer como um “eu” separado. No entanto, esse reconhecimento é sempre mediado por uma alienação, o sujeito se vê como outro. O menino, ao se dirigir ao espelho, não se reconhece como ele mesmo, mas como o irmão. Isso revela que sua constituição subjetiva ainda está fundida à imagem do outro, e que o espelho funciona como um espaço de busca por identidade e presença.

- *Dalto* aprofunda essa leitura ao destacar que o corpo é o primeiro território de inscrição psíquica. A ausência do irmão desorganiza o corpo do menino, não apenas no sentido físico, mas simbólico. O corpo que brincava, que se movimentava em sintonia com o outro, agora está só. A imagem no espelho é uma tentativa de reinscrever esse corpo na relação, de dar forma ao vazio deixado pela ausência.

Imagem Pessoal e Constituição do Eu

Por fim, ao estudarmos a imagem pessoal, entendemos que o espelho não é apenas um objeto físico, ele é um mediador simbólico. O menino não vê a si mesmo, mas vê o irmão. Isso mostra que sua imagem pessoal ainda está em fusão com a imagem do outro, o que é comum em gêmeos na primeira infância. A constituição do eu envolve separação, reconhecimento e mediação afetiva. A mãe, ao acolher o filho, ajuda a dar contorno à sua identidade, oferecendo presença, nome e sentido.

Conclusão

A história dos gêmeos é uma janela para compreendermos como o sujeito se constitui a partir da relação com o outro, da linguagem, da imagem e do corpo. A ausência do irmão desorganiza o mundo do menino, e o espelho se torna palco de uma tentativa de reconstrução simbólica. Ao acolher essa dor, a mãe não apenas consola, ela participa da construção do sujeito.

Essa cena nos lembra que o eu não nasce pronto. Ele é tecido nos vínculos, nas identificações, nas palavras e nos gestos. E que, mesmo nas brincadeiras infantis, mora a complexidade da vida psíquica.

Ao observar a imagem dos gêmeos, o que esta de pé demonstra no olhar um certo sentimento de raiva, pois o cachorro simpatizou com seu irmão.  Ele nao aceita ser deixado de lado.  Sentido ferido em seu próprio ego.

Nesse exemplos virmos a necessidade do irmão em se sentir refletido em seu irmão, trazendo uma paranóia do que realmente foi imaginação ou realidade.

Com base no que foi estudado, antes do estágio do espelho a criança se sente como um todo desorganizado. Ao se enxergar no espelho a criança deveria se identificar com sua imagem, formando o EU. Devido à semelhança com seu irmão gêmeo, sua interação e familiaridade com ele no cotidiano, cuja imagem estava nítida em sua mente, causou confusão na sua própria identificação, atribuindo sua própria imagem, refletida no espelho, à imagem de seu irmão. Faz necessária a intervenção de um terceiro (mãe), a apresentação de ambos, simultaneamente diante do espelho, a fim de que a constituição do EU de cada um aconteça.

Sobre os gêmeos, ao ver seu reflexo no espelho a criança achou que era o irmão pois como gêmeos idênticos e por ser muito pequeno ainda não é capaz de diferenciar a imagem do seu irmão do seu eu.

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