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Desafio - Módulo II

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O texto principal de introdução a questão permite, acredito eu, entender a problemática de um dos gêmeos como um simples autoritarismo, pois estando esta criança ainda em formação de seu “eu” e de sua personalidade, não há um padrão, mas sim um caso isolado evidenciado.

Manifestações narcisistas englobam uma constância não somente de posições autoritárias, mas opressão do ego e manias de perfeição também caminham juntos. Como resultado de uma pessoa ainda em formação, acredito não se tratar de narcisismo, mas sim de uma vivencia a ser desenvolvida para então formar a personalidade da criança, sendo necessário mãe intervir no comportamento para, mais tarde, não virar uma pessoa narcisista.

No caso dos gêmeos, a maior diferença fica no sentido de que o bebê que nasce sozinho busca sempre o conforto e a presença da mãe, ele necessita dela, assim como ela se sente completa com aquele bebê, já com os gêmeos é diferente. O bebê sozinho tem como referência a mãe, mas os gêmeos podem tomar como referência um ao outro. Eles fazem companhia um ao outro desde o útero, um supre a carência do outro e por isso, acabam por demandar menos atenção desses pais, chegando a tal ponto de o laço entre os dois ser tão forte, que formam uma família dentro da família pois eles se completam. Enquanto os pais se preocupam em manter unidos os irmãos, com os gêmeos a preocupação deve ser em cria-los como seres individuais e que possam se separar quando necessário. Não é raro irmãos gêmeos que escolhem carreiras semelhantes, optam por não se casarem ou se mudarem pra longe, às vezes apenas um se casa e fica tão difícil para o outro assimilar essa mudança, que escolhe não se casar e acompanhar a vida desse irmão, ou seja, as escolhas são sempre pautadas na tentativa de suprir a necessidade da companhia um do outro.
Até mesmo na constituição da identidade dos gêmeos ocorre de forma diferente dos outros irmãos, pois eles se veem primeiramente como uma dupla, para só depois percebê-los como indivíduos e o mesmo processo ocorre com os pais, que primeiro enxergam esses filhos como dupla, para depois vê-los como seres individuais.
A forma como os pais agem na diferenciação de ambos, pode influenciar também no modo como eles se veem sendo um o complemento do outro. Por exemplo, os pais sempre diferenciam: um é mais falante que o outro, um gosta de artes e o outro de ciências, e com isso, demarcam ambos como um complementando o que falta no outro. E eles crescem com esse senso forte de complemento, aprendendo inclusive a trabalhar melhor nessa equipe de dois. Aprendem a se ajudar nas atividades que tem maior dificuldade ou até mesmo no mito de um substituir o outro em determinadas situações. E com isso, vão estreitando cada vez mais o laço entre si, sendo cada vez mais o par perfeito um do outro.
Hoje em dia, os pais são orientados desde cedo a individualizar esses irmãos gêmeos, evitando nomes iguais, roupas iguais, etc. Porém, essa postura não chega a alterar significativamente a forma como eles vão interagir entre si, não interfere, tampouco delimita a proximidade entre eles.
Aos pais, cabe ficar atento quando eles “não dão trabalho”, pois isso pode significar que estão interagindo de forma a excluir as outras pessoas do convívio, e também ensiná-los que não devem competir nem entre si, nem em dupla com os outros. E em casos onde isso for inevitável, como num campeonato esportista por exemplo, educa-los para aprenderem a perder também, pois se entre irmãos a competitividade pode ser grande, entre gêmeos ela pode ser ainda mais acirrada. E principalmente, estimulá-los a terem amigos diferentes, frequentar lugares diferentes, terem gostos diferentes e etc, pois isso será um fator decisivo na vida de ambos, facilitando a separação sem maiores sofrimentos, possibilitando que ambos possam experenciar também uma vida sozinhos, independentes, livres e que tenham uma vida plena, satisfatória, mantendo sim o laço fraterno mas sem dependência um do outro.

Lendo sobre o Estádio do Espelho, dentro da concepção Lacaniana, dá-se a entender que esta criança ainda não teve um encontro com sua imagem, o seu Eu; haja vista que sempre teve como um "reflexo" de identidade o sue irmão. Por este motivo, acredito ter passado do tempo da intervenção, no caso, de sua mãe, neste processo de reconhecimento de sua imagem. motivo este, que pode ter culminado em uma histeria quando a imagem projetada não quis brincar com ele.

Ao se ver no espelho o menino não consegue se identificar mostrando sua dificuldade no processo de reconhecimento do seu próprio eu.

 

O fato de sempre fazerem tudo juntos, como ir a escola, brincar e até mesmo se vestir-se iguais,em um caso de de separação física, eles continuam ligados em suas mentes, por isso,o que ficou em casa,ao ir ao espelho, ele traz o irmão para seu contexto, pois sua imaginação está acima da realidade.

Na questão dos dois irmãos que chamamos de "X" e "Y", podemos constatar que o irmão "Y" tem uma percepção de corpo a partir da teoria de Lacan do estádio do espelho, onde eles se desenvolvem tendo uma visão de corpo semelhante a sua. E quando o irmão "Y" fica só por estar doente a sua imagem do espelho lhe dá a impressão de que seu irmão "X" está ali com ele, mas na verdade ele está tendo uma visão real do seu próprio corpo. Que poderia ser melhor elucidada se utilizasse os pontos erógenos definidos por Freud, que são zonas de contato que definem o eu corporal.

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Aparecido da Cruz

Dado que na perspectiva da psicologia social a comunicação, a construção da realidade e o domínio do mundo são estruturantes e que as representações impactam no comportamento dos indivíduos, fica claro no estudo de caso apresentado que houve uma defasagem na representação da experiência perceptiva do gêmeo que permaneceu em casa. A sua incapacidade de se identificar refletido no espelho o impede de se relacionar com a realidade (falha na construção da realidade e o no domínio do mundo), pois lhe falta a percepção do 'eu' e a diferenciação imagética dele em relação ao irmão.

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Aparecido da Cruz

O desafio propõe uma análise da situação onde há confusão da identidade entre irmãos gêmeos.

Segundo a teoria de Lacan, o “eu” é formado como sendo uma instância do imaginário. A pessoa se reconhece como pessoa a partir do momento que tem a percepção da sua imagem. Existe a ilusão e a alienação que Lacan denominou de “estádio do espelho”.

Entre gêmeos, poderíamos entender, segundo Lacan, que há uma confusão de idenficação do “eu”, como no exemplo do desafio, onde um irmão ao ver sua imagem no espelho confunde-a com a imagem do seu irmão, não reconhecendo sua individualidade. O desafio da psicanalise neste caso é a separação para identificar a individualidade de cada um dos gêmeos.

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Aparecido da Cruz

Conforme visto até aqui neste modulo II e amplificando a visibilidade da imagem sugestiva, não são poucos os casos de crianças e adolescentes gêmeos que chegam as clinicas psicológicas e psicanalíticas para analise. Ainda que as queixas e os sintomas sejam próprios da idade e similares aos de qualquer sujeito, deparamo-nos com características particulares no percurso de sua subjetivação, tais como: dificuldades específicas para conquistar uma singularizarão, para separar-se desse outro tão próximo que se confunde com um duplo ou para constituir o narcisismo e alcançar o lugar de falo imaginário.

Todas essas operações parecem requerer um trabalho suplementar na constituição subjetiva dos gêmeos e dos pais. A proposta mais coerente com estados como este é refletir sobre esse labor suplementar, que pode fazer necessária a intervenção de um psicanalista. Para isso, é necessário caminhar na companhia do trabalho pioneiro - e inédito de psicanalistas como Dorothy Burlingham, que dedicou décadas a esse campo de estudos.

Notadamente, que numa percepção inicial, podemos inferir que na imagem acima há uma discrepância que se nota através do sorriso na face e da situação que ambos estão experimentando em comum, demonstrando vivências e quem sabe sentimentos que só podem ser de fato descobertos com algo mais objetivo, como uma analise criteriosa do individuo in loco.

Em certo sentido, ele não sabe nem quem ele é. Talvez por causa desse espelho ele leve uma vida culpando o outro por aquilo que não consegue realizar.

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