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Desafio - Módulo VII

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Citação de IEVI em outubro 29, 2021, 11:32 am

Após refletir e ler a notícia, responda às seguintes questões:

1 - O que caracteriza uma imagem veiculada como “real” ou mais “real” que outras?
2 - Por que os leitores da rede social mencionada tomaram a imagem e notícia divulgada pela mesma rede como real?

A divulgação de retrato falado pela policia, além da veiculação por jornal, trouxeram credibilidade  sobre a imagem da suposta criminosa que não poderia ser considerada real integralmente.  O desejo de vingança da população, seja por talvez desacreditar na justiça, seja pela própria violência de alguns inflamada pela turba/multidão, escolheram a pessoa errada para o justiçamento alheio as regras sociais.

Por ser transmitido por canais de relevancia, a populacao ficou em alerta e ao perceberem uma atitude julgada por eles como suspeita come;aram a fazer justica com as proprias maos, o que resultou em uma crueldade ja que foi feito contra uma pessoa inocente que estava fazendo um ato de bondade.

A era digital, e em particular as redes sociais, trouxe à tona questões complexas sobre a natureza da verdade, da percepção e da crença. Quando uma imagem ou notícia veiculada nessas plataformas é tomada como "real" pelos leitores, mesmo diante de informações contraditórias, a psicanálise oferece uma lente profunda para desvendar os mecanismos psíquicos envolvidos nessa aceitação. Para a psicanálise, o "real" não é meramente um dado objetivo da realidade externa, mas uma construção subjetiva intensamente influenciada por processos inconscientes, desejos e fantasias.

O que Caracteriza uma Imagem como 'Real' ou 'Mais Real' na Psicanálise?

Na perspectiva psicanalítica, o que torna uma imagem "real" ou "mais real" do que outras não é apenas sua correspondência com a realidade material, mas sim sua capacidade de ressoar com a realidade psíquica do sujeito. Sigmund Freud fez uma distinção crucial entre realidade material (o mundo objetivo, externo) e realidade psíquica (o mundo interno de desejos, fantasias, medos, memórias e conflitos inconscientes que têm um impacto real e determinante sobre o indivíduo).

Uma imagem adquire a característica de "real" quando ela:

  1. Satisfaz um Desejo Inconsciente (Realização de Desejo): A imagem pode inconscientemente corresponder a um desejo, a uma fantasia ou a uma aspiração do indivíduo. Se a imagem ou a notícia confirmam algo que o sujeito deseja que seja verdade – seja por conveniência, segurança, ou por alimentar um ideal –, ela é mais prontamente aceita como "real". É o princípio da realização de desejo (FREUD, 1900/1976a), onde a mente busca concretizar simbolicamente aquilo que o inconsciente anseia.
  2. Confirma uma Crença Pré-existente (Viés de Confirmação e Narcisismo do Ego): O Ego, como instância mediadora da realidade, busca manter um certo equilíbrio e coerência interna. Quando uma imagem ou notícia valida crenças já enraizadas no sujeito, o Ego tende a aceitá-la como real, pois isso reforça sua própria estrutura e evita a ansiedade gerada pela dissonância cognitiva. Esse processo está ligado ao narcisismo secundário (FREUD, 1914/1974), onde o Ego investe em si mesmo e busca confirmação de suas próprias visões de mundo. A aceitação de informações que confirmam o que já se acredita pode ser uma forma de proteger o narcisismo, evitando a "ferida" de ter que reavaliar ou mudar uma crença.
  3. Provoca Forte Identificação e Projeção: A imagem pode despertar uma forte identificação com o conteúdo, com os personagens ou com a narrativa que ela apresenta. Se o sujeito se projeta na imagem ou se identifica com as emoções que ela evoca, a imagem ganha uma carga de autenticidade subjetiva. Similarmente, sentimentos internos (medos, raivas, frustrações) podem ser projetados na imagem, fazendo com que ela "pareça" real e justifique esses sentimentos (FREUD, 1915/1976b).
  4. Ativa Afetos Intensos: Imagens que provocam emoções fortes (raiva, indignação, medo, alegria extrema) tendem a ser percebidas como mais impactantes e, consequentemente, mais "reais", pois a intensidade afetiva confere uma sensação de verdade à experiência subjetiva.

Por que os Leitores nas Redes Sociais Tomam a Imagem e a Notícia como Real?

As redes sociais potencializam os mecanismos psicanalíticos descritos acima, criando um ambiente propício para que imagens e notícias falsas ou distorcidas sejam percebidas como "reais":

  1. Câmaras de Eco e Bolhas de Filtro: Os algoritmos das redes sociais tendem a apresentar aos usuários conteúdos que confirmam suas crenças e interesses pré-existentes. Isso cria "câmaras de eco" onde o indivíduo é exposto predominantemente a informações que reforçam sua visão de mundo. Essa repetição e ausência de contraponto alimentam o viés de confirmação do Ego, tornando as imagens "mais reais" pela falta de desafio à realidade psíquica estabelecida.
  2. Identificação com o Grupo Social (Narcisismo Coletivo): Nas redes, a afiliação a grupos e comunidades online é forte. A crença na veracidade de uma imagem ou notícia pode ser reforçada pela percepção de que "meu grupo" ou "minha tribo" também acredita nela. Isso satisfaz uma necessidade de pertencimento e de validação social, onde o Ego encontra seu ideal não apenas em si mesmo, mas na conformidade com o grupo. A crença compartilhada se torna um elemento coesivo, e questioná-la pode significar uma ameaça à identidade social do indivíduo.
  3. Fragmentação da Informação e Falta de Mediação Qualificada: A velocidade e o volume de informações nas redes sociais, muitas vezes descontextualizadas ou desprovidas de fontes confiáveis, dificultam a capacidade de teste de realidade do Ego. Sem a mediação de jornalistas ou instituições de credibilidade, o sujeito fica mais suscetível a aceitar a imagem como "real" apenas pela sua imediatez ou pelo impacto emocional.
  4. A Sedutora Ilusão de Autenticidade (O 'Real' do Imaginário): Imagens e vídeos de celular, mesmo que manipulados, muitas vezes evocam uma sensação de "autenticidade crua" que pode ser mais convincente do que a mídia tradicionalmente produzida. Essa aparência de "realidade vivida" pode se sobrepor à crítica racional, pois o Imaginário é poderosamente atrativo em sua promessa de acesso direto ao "real".
  5. A Projeção de Medos e Ansiedades: Em momentos de crise social, política ou de saúde, as redes sociais se tornam um terreno fértil para a projeção de medos e ansiedades coletivas. Imagens que confirmam esses medos (por exemplo, de conspirações, ameaças ou injustiças) podem ser rapidamente aceitas como reais, pois oferecem uma explicação (ainda que fantasiosa) para a angústia sentida.

Conclusão

A aceitação de imagens e notícias nas redes sociais como "reais" é um fenômeno multifacetado que a psicanálise ajuda a desmistificar. Não se trata apenas de uma questão de "verdade objetiva", mas de como a realidade psíquica do indivíduo – seus desejos inconscientes, suas crenças arraigadas e sua necessidade de pertencimento – interage com a natureza das plataformas digitais. As redes sociais, ao criarem câmaras de eco e reforçarem o viés de confirmação e o narcisismo coletivo, amplificam a tendência humana de aceitar como "real" aquilo que ressoa mais profundamente com o mundo interno do sujeito, mesmo que isso signifique uma distorção da realidade material. Desvendar esses mecanismos é crucial para promover uma relação mais crítica e consciente com a informação na era digital.

Referências Bibliográficas

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1976a. v. 4 e 5. (Obra original publicada em 1900).

FREUD, Sigmund. Sobre o narcisismo: uma introdução. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 14, p. 77-108. (Obra original publicada em 1914).

FREUD, Sigmund. Repressão. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1976b. v. 14, p. 143-158. (Obra original publicada em 1915).

Há uma mistura, neste caso, do real ( fotográfico ) com o imaginário , ou seja, uma  gravura ou um desenho mas, neste caso específico, um retrato falado,  de uma mulher má.

As emoções da população com sede de justiça, sem uma apuração aprofundada, julgou ser a pessoa vista no  retrato falado a mulher real vista na rua, que não era a verdadeira criminosa. O sentimento de ódio da população foi transferido para a imagem real vista na rua.

Outro fator que influenciou o imaginário foi o fato da vítima estar no mesmo local do crime ( Guarujá ) e na mesma época dos acontecimentos.

O imaginário ( relacionado ao pré-fotográfico) é o que mais se relaciona com problemas de imagem, justamente por depender de quem vê ( subjetividade ), tempo e espaço.

Lembrando das três fases do processo de percepção, temos por ordem: 1. Sentimento ( primeiridade), 2. Reação (secundidade), 3 Pensamento ( terceiridade), o que explica o fato, o sentimento de ódio e a reação de vingança por justiça antecederam a capacidade de pensar e apurar se aquela pessoa era realmente a criminosa procurada.

É sabido de todos que a internet nos trouxe muita facilidades, mas também armadilhas. Uma delas é a falsa publicação, hoje denominada fake news. No início, tudo que se postava na internet era tido como verdadeiro, e muitos sem pesquisar a fonte, acreditavam piamente e até publicavam matérias, dos quais eram e são viralizadas com um rapidez fenomenal. E esta matéria em si, vinda de um canal "respeitado", o povo nem se fazia o papel de procurar saber da veracidade. Logo, calhou da vítima ainda ter os traços da suposta vilã. Muita gente, age por impulso, pra depois refletir e pensar nas consequências que seus atos podem ter.

A noticia em questão se tornou por veracidade por ter sido veiculada por Tv ou Jornal de "confiança" pela sociedade, mesmo não tendo certeza porque a única coisa que poderia acusar essa pessoa era apenas um retrato falado, ou seja, uma imagem. E por conta da precipitação dos populares e a cede de justiça, uma vida foi ceifada sem nem mesmo poder se defender.

Então:

1- Pela maneira como foi noticiada

2- A população tirou a conclusão pela influência dos veículos de comunicação

A semelhança da vítima com o retrato falado foi suficiente para que um ou um grupo tornasse a história fantasiosa em real e agisse no impulso.O teor da notícia sobre crime contra crianças inflamou a mente da população que foi levada pelo desejo de “justiça” sem sequer ponderar a veracidade do fato tampouco a barbárie cometida.

INFELIZMENTE AS NOTICIAS TEM UM LADO OBSCURO, QUANDO DADA DE FORMA IRRESPONSÁVEL E OS LEITORES, SEM QUESTIONAR, PRINCIPALMENTE " A GRANDE MASSA", SÃO UM ALVO FRÁGIL, ONDE PODEM COMETER UM ATO FALHO, INJUSTO E CRUEL COMO O CITADO NO ESTUDO.

1 - Uma imagem é percebida como mais “real” quando apresenta forte verossimilhança com a realidade, vem acompanhada de uma narrativa convincente e circula por fontes consideradas confiáveis. Além disso, imagens com forte apelo emocional e que se repetem frequentemente nas redes sociais tendem a ganhar credibilidade, mesmo sem comprovação. A associação entre imagem e contexto social também contribui para a construção da ideia de realidade.

2- Os leitores acreditaram na imagem e na notícia porque foram influenciados por fatores emocionais, como o medo coletivo relacionado ao tema, e pela aparente “prova visual” oferecida pela imagem. A ausência de verificação da informação, o grande número de compartilhamentos e a falta de filtros jornalísticos reforçaram a falsa sensação de veracidade, levando à aceitação e à propagação do boato como se fosse um fato real.

Quando uma notícia ou informação vem com discurso totalmente verdadeiro primeiramente se deve checar a fonte,  verificar os fatos que o antecedem e  depois sim  validar o mesmo com uma certa cautela.

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